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Reflexões vazias (ou cheias...) que até podem levar a algum lugar. No fundo, apenas quero saber bem mais que meus 40 e poucos anos.

Rufus/Male/. Lives in Brazil/Goiânia/, speaks Portuguese and French. Spends 20% of daytime online. Uses a Fast (128k-512k) connection. And likes Music/More Music.
This is my blogchalk:
Brazil, Goiânia, Portuguese, Spanish, French, Rufus, Male, Music, More Music.

Sou mais ou menos assim:

Vi, li e aprovei:

Links:

Archives

Ouço e aprecio:

Toco em meu violãozinho músicas de:

Meus filmes preferidos:



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Rufus: quase humano.
sexta-feira, outubro 31, 2003
Sobre o Tempo.
tenho lido tantos blogs de pessoas que, como eu, reclamam da falta de tempo, que cheguei a uma conclusão: não é nós que não temos tempo — o tempo é que não tem muita disposição para nós...
Haja pique!
Ah, tem mais: vou ter de ficar fora toda a semana seguinte, a trabalho.
Sei que vocês vão me dar por esquecido todos esses dias, mas espero poder estar de volta à ativa na oooooutra semana.
O duro é que, um semana depois dessa viagem, tenho oooooutra agendada, também a trabalho, mas aí dou um jeito de postar lá de Brasília mesmo.
Por isso, uma dica: leiam meus arquivos enquanto isso, se tiverem tempo (olha ele aí de novo...) ou paciência, é claro...
Beijo nas moças e um tapinha nas costas dos marmanjos...
Quem der uma rápida olhada na minha lista de links vai perceber que ela está mais cheinha...
Tudo graças à Net, que me fez descobrir ótimos blogs de pessoas para lá de interessantes...
O mais apressadinho vai até dizer: “Pô, só tem quase blog de mulher!”
E qual o problema?
Antes que me pensem mulherengo ou coisa do gênero, saibam que não tenho culpa se os melhores blogs e os mais bem escritos que descobri até agora são quase todos de mulheres... Claro que tem alguns cuecas de plantão, bons também, porém ainda continuo caçando outros, na medida em que vão surgindo...
O poder feminino mostrando sua força... Tcham!...
Por falar (ou não) nisso, o certo é que percebi que adoro até bandas com vozes femininas, ou cantoras, apenas. A voz feminina tem um timbre ótimo para músicas românticas, principalmente soul, R & B e baladas de rock. Capercaillie, Clannad, Edie Brickell, Shelby Starner, Suzanne Vega, Basia, Sade, Erikah Badu, Mary J. Blige, Frente!, The Cramberries, tantas e tantas vozes maravilhosas...
Esqueci um monte de outras, por isso me perdoem o lapso...
Pelo menos textos como o seguinte ilustram bem algumas vantagens de ser mulher, um ser que nós, homens, tanto amamos:

“como é bom ser mulher, e nunca precisar de:
# Sentir a dor física e moral de uma bolada no saco.
# passar pelo suplício que é fazer a barba todo dia.
# sentir o desespero de usar uma cueca apertada.
# enfrentar a situação louca que é fingir indiferença diante de uma mulher sem sutiã.
# ter que reparar que ela trocou a tintura do cabelo de Imedia 713 para 731 louro bege salmon 81-56 plus up light forever.
# trabalhar pra cacete em prol de uma família que reclama que você trabalha pra cacete!
# viver sob o permanente risco de ter que entrar numa briga.
# ter a obrigação de ser um atleta sexual.
# ter que jamais dizer que ela engordou, mesmo que isto seja a pura verdade.
# Ouvir um NÃO, virar conformado para o lado e dormir, apesar da vontade de virar o quarto do avesso.
# Ter que ouvi-la dizer em ligação interurbana que está sem roupa”.

Pois é, assim é a vida...
Das pequenas coisas que não têm preço:
Chegar em casa após o trabalho, pegar os pequenos e ir apanhar mangas nas paradisíacas paragens do bairro em que moro. A um passo de casa.
Derrubar mangas com tiradas certeiras.
Divertido.
Voltar para casa e comê-las, fresquinhas.
Uma delícia.
Há ou não há poesia em tudo isso?
Por isso que eu cada vez mais digo: venham para Goiânia...
Rsssssss....
quinta-feira, outubro 30, 2003
... Gosto de divagar...
O que tem feito certo sucesso aqui em meus blog são os textos totalmente improvisados, que eu tenho chamado de “divagações”...
O pessoal que chega agora ainda não os leu, mas estão lá nos arquivos, em algum lugar do passado...
Escrevo muito, me perdoem. Meu blog é até meio monótono, sem imagens — bem que tentei colocá-las, por sinal, porém não deu certo ainda...
E estou com preguiça de montar outro blog, com mais recursos.
Bem, o certo é que, agora mesmo, escrevi o texto abaixo, e espero que gostem.
Mas já aviso: nem tudo na minha vida é feito na base do improviso... Meus pequenos, mesmo, são um exemplo: quem os viu sabe que são divinos como luzes astrais. Um é um deusinho grego, de beleza clássica e ofuscante. A outra, de um encanto tão sublime que dá vontade de tocar, para se saber mesmo real... rs...
No mais, de resto, em adendo, por sinal, gosto de divagar...
Gosto de divagar...
Mas não mais vagar meu tempo escasso com o pulsar de imaginações grosseiras.
A vida pede finezas, mesmo dos mais brutos... A vida pede lentidão, mesmo dos mais apressados...
Contudo, gosto de mais folgar meus tormentos, escrevendo-os...
Tempestades cerebrais povoam meus sonhos azuis – os mais belos, pois espelham a cor do céu...
De dia, tenho sonhos amarelos e monótonos, mas, na noite dos tempos, desejos sem memória parem filhos intermináveis em minha mente.
São dores difusas e desencontradas, pesares sombrios que somente se dissolvem com o chegar do dia, o mesmo que se contorce preguiçosamente quando os primeiros raios de sol ferem meus olhos.
Amanhece...
Contudo, gosto de mais lembrar meus dias felizes.
São poucos, mas não estou nem aí...
(Fugi a mim mesmo nem bem sei quantas vezes, e há milênios fujo.
Se fujo, é porque não quero lapidar-me. Se me termino, a vida perde sua graça... Que de uma obra sem seu autor?)
Mais divagar, mais devagar...
Tenho pressa em não apressar-me, preciso apresar as palavras antes de soltá-las, aos borbotões...
Inundar-me. Inundar uma cidade. Um velho sonho...
Palavras inundam, podem matar?
Não, claro que não...
Palavras são amenas e doces, mesmo quando cortantes.
Todo dia, mesmo, me corto com elas, e eles me ferem os dedos e o coração, mas lhes retribuo sorrisos, no mesmo instante em que as aprisiono no papel.
Mais divagar, mais quanto lento, mais sonhar...
Preciso ir devagar com meus sonhos, minhas palavras, senão fogem de mim e de nós por todo o sempre.
Preciso de algo, preciso de vocês...
Não sei do que falto ao mundo, não sei do que ele me falta...
Contudo, preciso apresar mais palavras, para depois soltá-las...
Me esperem, que vou ali divagar, que ali vou me aquietar.
Depois, prometo que converto minhas lágrimas em linhas...
quarta-feira, outubro 29, 2003
E a História real I?
A história do útlimo post aconteceu mesmo com minha tia.
Bem, baseado em minha "sólida" e madura formação (eu diria crença) religiosa, fundamentada no tripé ciência, religião e filosofia, garanto que não há o que temer em assuntos como esses. Como o Pessoa disse, não há "mistério nas cousas": nós é que limitamos o que não compreendemos.
"Fenômenos" (palavra de sentido infeliz) como os que eu narrei são muito comuns, eu mesmo conheço muitas histórias. Ou seja: durante nossas curtas vidas terrenas, constantemente recebemos "avisos" de pessoas que nos protegem e que nos amam, procurando, assim, direcionar nosso destino para melhor, ou evitar maiores danos que possam afetar nosso futuro, o que poderia, mesmo, abreviar nossas vidas antes do prazo.
Nunca sentiram isso? Uma sensação, um presságio, dizendo: "pegue a pista da direita. Não vá para a esquerda!" ou um fisgão no braço dependurado para fora do carro, fazendo com que vc o retire na hora exata em que um caminhão passa rente ao veículo? - se seu braço estivesse ali milésimos de segundos antes, babau...
Se acreditam que há mais, muito mais do que nossos meros olhos físicos e visões limitadas alcançam, é só ficarem despertos, estudarem a si mesmos, perscrutarem tudo que nos rodeia com o filtro da razão, da ciência, da filosofia e da religião (como tão bem Kardec sintetizou) que tudo se esclarece aos poucos.
E mudando de pato para ganso, a outra "história real" está lá nos arquivos do dia 17 de julho, só que dessa vez eu fui o protagonista, quando criança...
Por causa do apuro por que passei, por pouco, muito pouco, eu não estaria aqui hoje escrevendo estas linhas para vocês...
Assim o é.
Como deve ser.
HISTÓRIA REAL II
O mistério das cousas? Sei lá o que é mistério!
O único mistério é haver quem pense no mistério.
Quem está ao sol e fecha os olhos,
Começa a não saber o que é o sol
E a pensar muitas cousas cheias de calor.
Mas abre os olhos e vê o sol,
E já não pode pensar em nada,
Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos
De todos os filósofos e de todos os poetas.
A luz do sol não sabe o que faz
E por isso não erra e é comum e boa.


Alberto Caeiro, por F.P.

Corria o ano de 199...
Minha tia residia com minha (hoje finada) avó numa casa simples em Araraquara, SP.
Entretida a regar suas plantinhas, minha avó foi surpreendida pela aproximação de uma idosa de aparência muito humilde, que lhe solicitava um copo d’água.
Saciada sua sede, a velha fez menção de ir embora, não sem antes dizer, de maneira contundente e direta: “Vai haver morte nessa casa”.
Minha avó, mal refeita do arrepio que percorreu sua espinha, entrou em casa e achou melhor nada comentar com a nora sobre o ocorrido.
Dias depois, eis que minha tia cai gravemente doente: seus dois rins pararam de funcionar repentinamente. De natureza já frágil, devido a problemas variados de saúde e uma compulsão incrível por cigarros, ela parecia, lenta e irreversivelmente, a perder a batalha pela vida. O estado de coma parecia o prenúncio de que sua viagem não teria mais volta...
A família, em desespero, já antevia o desfecho, quando, inexplicavelmente, para espanto de toda a equipe médica e dos próprios familiares, minha tia saiu do estado comatoso de maneira surpreendente, como se nunca tivesse estado doente.
Comoção.
Espanto.
“Um milagre?”, todos se perguntavam.
Não se soube. Nem nunca se saberá. Mas o relato posterior de minha tia atraiu alguma luz:
“Eu estava confusa, num lugar estranho, de algum modo eu sabia que não ia voltar. Porém, o tempo todo eu pensei em minha única filha: o que seria da pobrezinha? Como cresceria sem a sua mãe? Quem poderia cuidar dela, a não ser eu? Depois, de nada me lembro. Só sei que aqui estou, acordada”.
Os próximos dias e semanas foram períodos de muitas dúvidas não esclarecidas, mas o certo é que minha tia parecia se recuperar bem, tanto que já se dirigia sozinha à farmácia para comprar seus próprios remédios.
Numa dessas visitas, enquanto ela escolhia seus remédios, a mesma senhora de aparência humilde, que havia prenunciado sua morte, aproximou-se dela e lhe disse:
“Dessa vez você teve sorte, e ganhou mais uma chance, pois seu pedido foi atendido”.
Atônita, minha tia compreendeu tudo, e abismou-se com o fato de uma estranha saber do que se tinha passado com ela no hospital.
Mal refeita do susto, deu por falta da senhora, que há instantes ali estava.
Percebendo o ar de estupefação dos atendentes da farmácia, dirigiu-se e um deles e perguntou-lhe:
“Vo-vocês viram uma velha que estava aqui agora, falando comigo? Para onde ela foi?”
“Desculpe-me, senhora, mas nós achamos que a senhora fosse alguma doida ou maluca, pois estava falando sozinha...”
terça-feira, outubro 28, 2003
CELEBRIDADES.
Aos poucos, de mansinho, comecei a perceber que minha vida, do alto do mais completo anonimato, sempre rondou a vida de outras celebridades ou manteve uma estreita ligação com locais reconhecidamente famosos...
Deixe-me ver se consigo recapitular...
Minha mãe confidenciou-me ontem mesmo que estudou com Ana Maria Braga num colégio de freiras lá em Franca... Agora mesmo estou preparando o texto de um e-mail para enviar a ela, baseado no que minha mãe escreveu. Bem, ela teme que a loira global não vá se lembrar dela, o que é plenamente compreensível...
Ana Paula Arósio freqüenta esporadicamente minha pequena cidade porque, além de ser nativa da região, fez amizade com uma rica família de lá, por conta da criação de cavalos... Minha mãe disse que até já tirou uma foto com ela, que ainda não vi...
Que mais?
Edson Celulari jogou muito futebol com meu cunhado, lá em Bauru, quando crianças. Claro que atores globais (geralmente os de origem humilde...) costumam sofrer de lapsos de memória, o que, por si só, garante que ele também não vai se lembrar dessa amizade antiga...
Um conhecido de minha mãe trabalhou (ou ainda trabalha, não sei) com um certo apresentador de TV falastrão, que costuma exibir reportagens falsas no seu programa sensacionalista, e a primeira coisa que ele nos confidenciou foi que o tal solta uma franga tão explícita que a mais recatada de suas fãs teria um ataque apoplético se visse o comportamento do homem...
Ah, querem saber do Mazzaroppi? Dizem que ele não saía de minha pequena cidade. Tinha muitos amigos lá. Lembro-me nitidamente de, uma vez, ele ter colocado minha irmãzinha no colo, numa dessas memoráveis apresentações populares em circo, tão comuns antigamente. Foi numa dessas que assisti de pertinho ao Dedé Santana, O Zacarias e o Muçum. O Didi nunca ia a esses números, claro...
E minha mãe residiu, quando criança, numa das fazendas que serviu de locação para muitas das cenas de Esperança, a novela global.
E eu? Bem, eu também tive meus próprios momentos célebres, principalmente quando morei em Sampa. Lá Conheci o Francis Hime, o Benito Juarez, e muitos dos atores globais por ocasião de uma apresentação de um grupo de teatro no qual eu participava como músico. Epa, já contei sobre isso lá nos arquivos vivinhos de mortos!
E em Bauru, certa vez, conversei abertamente com o Belchior sobre MPB e política, numa visita deste à faculdade de Direito.
Porém, o encontro mais curioso se deu em plena Avenida Paulista, no finalzinho dos anos 80. Na verdade, foi mais uma topada que um encontro: eu e André Geraissatti trombamos de frente, sem maiores gravidades, e nem deu tempo de eu pedir um autógrafo!
Do alto de seus 1 e 90 e cacetadas, e alisando e sua indefectível barba de Matusalém, lá se foi ele, indiferente...
E eu ali, atônito, me dando conta de que a minha não menos também indefectível topada até poderia ter inspirado ao André alguma nova composição...
Mas ser anônimo é muito, muito bom, e tem a maior de todas as vantagens: podemos nos dar ao luxo de ser ídolos de nós mesmos apenas, e ninguém precisar saber disso...
Um viva a nós, anônimos e felizes personagens da vida real!
DECISÃO GÁSTRICA
Rufus, o protótipo de poeta e um eterno aprendiz da vida ("quase" humano ainda, lembram-se?), também tem seus (vários e muitos) momentos de descontração poética. Dêem só uma lida:

DECISÃO GÁSTRICA

Estavas atordoado,
indeciso quanto
à pistola ou
ao estilete.

Nada te movia:
apenas todos
teus conflitos...
E, um a um,

Quedavam duros,
e precipitavam
todos os outros
consigo.

Aí – inspiração
divina ou não –,
vem-te o lampejo,
o cérebro enrubesce,

o coração dispara,
a boca treme
e tremem as mãos:
isso mesmo.

É isso mesmo
o que farás:
num nobre
momento de coragem,

você tomou uma
decisão gástrica...
E de tua boca
o bravo e fiel

brado, que a todos
chama, vai
conclamando:
– Ao bar! Ao bar!

(17.04.88)
quinta-feira, outubro 23, 2003
4 dias sem Net.
Feriado em Goiânia amanhã, feriado segunda-feira (dia do funcionalismo Público), o que equivale a dizer: 4 dias sem Net.
Será que sobrevivo?
Claro que sim: meu projeto de livro, meu PC-sem-acesso-à-Net, meu violãozinho querido, minhas músicas, meus cds para gravar, minhas (toneladas de) partituras, minhas fitas k7 e LPs com preciosidades dos anos 80, meu DVD, meus livros, minha bike, meus dois pequenos e meus dois sobrinhos polacos me esperam, para juntos fazermos muita farra pela casa e deixarmos a patroa doida da vida...
Quem precisa de Net com uma agenda tão cheia e tão caseira como essa?
Bom findi a todos! E até terça-feira...
Ah, não:
Vocês vão me bater, ou mandar raios fuzilantes pelos comments, mas eu preciso falar de Matrix, mais uma vez....
Pelo menos da segunda parte do filme, o Reloaded.
Mas que decepção porreta!
Milhões e milhões gastos naqueles pobres efeitos especiais?
Ah, por que não deram o dinheiro para acabar com a dívida externa da Namíbia ou do Butão, de valor bem menor que o orçamento do filme?
Gente, na hora em que vi o Neo lutando com mais de cem agentes parei até o DVD para dar umas boas risadas: já viram aqueles toscos desenhos japoneses dos anos 70? Parecia um deles! Dava para ver naturalmente que era um animação de 17a. categoria... O rosto virtual dos atores chegava a se deformar, parecia até uns meros borrões na tela!!!
Como se diz muito na minha terra, qui quié u fim disso?
Se a terceira e última parte (ufa!) for igual ou pior, sugiro que todos peçam seu dinheiro de volta na bilheteria... Melhor alugar um documentário sobre golfinhos ou ir namorar na praça ou ir atirar pedras num lago.
Tudo isso que enumerei é feito com efeitos especiais belíssimos, e de graça, generosamente oferecidos pela natureza...
Quem me acompanha??
Vem cá:
que a música Aja, do Steely Dan (1977) é muito, muito legal e estilosa, vocês têm que concordar comigo...
“May neimi is Bosco. João Bosco.”
Já que o mineiro (de alma carioca) de Ponte Nova motivou um pequeno post, deu vontade de voltar a falar nele.
As pessoas lembram muito dele por causa de suas canções de maior apelo, como
Papel Marché ou o Bêbado e a Equilibrista. Claro que são lindas, clássicas, mas há outras dele que me fizeram seu fã por toda vida.
Viena fica na 28 de Setembro, por exemplo, é simplesmente maravilhosa, daquelas que dão até inveja de não ter composto...
Claro que quase todas as músicas a que vou me referir daqui pra frente constam da parceria com o Aldir Blanc, um dos maiores letristas brasileiros, ao lado do Chico Buarque.
Tem mais: Tiro de Misericórdia, outra fantástica, um mini-epopéia difícil de cantar e tocar. Aliás, é uma das que mais gosto de interpretar: “Grampearam o menino do corpo fechado
e barbarizaram com mais de cem tiros.
Treze anos de vida sem misericórdia
e a misericórdia no último tiro.
Morreu como um cachorro e gritou feito um porco
depois de pular igual a macaco...

Quando o amor acontece dispensa comentários... Acho que é uma parceria com o Abel Silva, se não me engano. E a marca indiscutível do João transparece logo no refrão: “Iu-gá balulô aiú zi... Iu-gá balulô...”
Tem mais, muito mais.
Desenho de giz é, a meu ver, uma das melhores músicas do João, e uma das mais românticas. Latin Lover traz uma das metáforas mais belas que conheço: “E os beijos, cometas percorrendo o céu da boca...”
A nível de ... eu canto e toco com um prazer indescritível...
E os versos dessa canção, tão pouco conhecida?:
“Eu gosto quando amanhece,
porque parece que está anoitecendo.
E gosto quando anoitece que só vendo,
porque penso que amanhece... (...)
Todo boêmio é feliz porque,
quanto mais triste, mais se ilude. (...)
Pra mim tanto faz se é noite ou se é dia...
Pra mim tanto faz se é noite ou se é dia...”

Memória da pele, Corsário, Bala com bala, Bodas de Prata, Coisa Feita,Dois pra lá — dois pra cá, Incompatibilidade de Gênios, Cabaré, Caça à Raposa... Ih, gente, pára com isso.
Me arrumem já uma cervejinha gelada, um banquinho e um violão... Vamos nessa? Vamos varar a noite cantando e celebrando a vida que tanto pulsa nas músicas do João???
O Quintana.
Um comment no blog da minha amiga virtual gaúcha (qual é seu nome, minha bela, por falar nisso?) me inspirou este aqui, sobre o Quintana.
Quem não leu os doces e frugais versos do Poeta na adolescência? Quem nunca viu por aí aforismos encantadores, do tipo “a mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer”?
Quintana me acompanhou por boa parte da vida, inspirando-me versos simples e certeiros sobre o cotidiano. O Poeta gaúcho sempre me foi um tipo de mestre da “visão poética do não-poético”, enxergando a beleza dos pequenos momentos, o risível onde não haveria mais do que uma pequena tragédia diária, as coisas complexas por detrás das simples — e vice-versa.
Como era o povo que mais o lia, e não os literatos empolados da Academia, ele teve uma vida quase anônima, longe dos holofotes. Pagou aluguel até o fim da vida, concorreu por duas vezes à Academia — e perdeu em ambas... Acabou por morrer pobre e quase esquecido.
Que ser sublime de espírito ousaria concorrer com figuras acessórias do mundo acadêmico, como Paulo Coelho (não me venham defender o cara, chamando-o de “grande” escritor...), José Sarney (quem??? Com apenas cinco livros de poesia ultra-aguadamente Parnasianas??), Roberto Marinho e Ivo Pitanguy, um cirurgião plástico? (sem comentários...)
A ABL atual deve estar fazendo o Machado de Assis se revirar no túmulo...
Pelo menos, em meio ao redemoinho de insanidades e holofotes, uma voz desponta e promete chacoalhar os alicerces da Academia: o gaúcho (tinha de ser...) Moacir Scliar, o mais novo imortal, já sugeriu um plebiscito popular, para que o povo escolha os novos membros da ABL.
Tudo bem, só que tem um problema: que voz o Povo vai ter, se nem a bula do remédio que tomam são capazes de ler e entender? Contradições drásticas...
Se todos lessem Quintana, com a mesma vitalidade com que assistem ao Ratinho, a vida passaria a ser vista com outros olhos, muito mais poéticos, envolventes e interessantes, e tudo passaria a ter um pouco mais de graça e fantasia....
Mas vou sonhando... como vocês que me lêem...
quarta-feira, outubro 22, 2003
Preparem-se que lá vem texto...
Se alguma coisa me incomoda ou encabula, pronto: lá vem confabulação.
Que tal falarmos de dois assuntos aparentemente sem nada em comum: futilidades e o movimento masculista?
CAZZO, QUE QU’É ISSO???
Calma: primeiro um, depois o outro.
Perdoem-me os americanófilos, mas eu acho os estadunidenses (epíteto novo...) um dos povos mais fúteis do mundo. É só observar a compulsão que eles têm por coisas, objetos, modismos, tendências e todo tipo de futilidades. Deve ser algum sintoma de sua cultura exclusivamente consumista, com certeza...
Olhem o que eu já vi nesse mundão à parte chamado States: um cara que ficou rico vendendo água colorida. Simples assim. Tingiu uns líquidos, pôs para vender e pronto: lá foi todo mundo comprar. Claro que o cara teve tempo suficiente para enriquecer, cair no mundo e logo todos esquecerem essa bobagem para logo em seguida descobrirem outra.
Depois, outro deu o golpe do baú da felicidade dizendo que pedras tinham alma, você podia “adotar” uma, criá-la com carinho, como se cuida de um bichinho... Obviamente, a tragicidade atingia também o reino mineral: se, de uma hora para outra, você “sentisse” que ela morreu [ah, conta outra...], era só secar suas lágrimas e enterrar sua defunta com cimento, num cemitério especial só para pedras que até parecia aqueles jardins que as crianças montam nas escolinhas...
Convenhamos...
Agora, o mais curioso: o movimento masculista.
Alguém já leu sobre isso?
Pois fiquem sabendo que isso só podia mesmo ser coisa de homens... e norte-americanos.
Masculismo nada mais é que uma resposta ressentida dos homens ao feminismo, aquele movimento que expandiu as fronteiras da mulher, afetou a identidade dos homens e (o principal) lhes roubou muitos postos de trabalho.
A filosofia do movimento masculista é simples: recuperar a auto-estima perdida, combater a depressão pós-feminismo, reaprender a ser homem.
Isso mesmo.
O que equivale dizer a se enfiar no meio do mato com outros homens, acampar, sentar em volta de fogueiras e contar causos, retomar atividades guerreiras esquecidas, como caçar, urrar, dar gritos na floresta, abraçar outros homens para sentir cheiro de homem, de suor de homem [não tô brincando não!], para, só assim, tentar reacender o espírito do macho, tão arrochado ultimamente...
Um bom exemplo de ideologia masculista está ilustrada no filme No Limite (The edge), com Antony Hopkins e Alec Baldwin.
Vamos dissecar o filme... (e vejam como sou bom nisso, modéstia à parte... he he...)
O personagem de Hopkins é um senhor já meio idoso, rico, inteligentíssimo, e, como acontece com todo homem nessas condições, atrai mulheres fúteis e interesseiras. Não por acaso, ele era casado com um belo par de pernas sem cérebro.
Seu grande problema é que sua imensa inteligência nunca era posta à prova, ou seja, ele vive quase tudo o que pregava apenas na teoria... (Vão vendo..)
Aí, claro, o amante de sua bela mulher (sim, ele não desconfiava de nada até então...) bolou uma viagem a uma região inóspita, numa tentativa de dar cabo da vida do poderoso e ficar com a fortuna e a mulher deste.
E o que acontece? Quem viu o filme sabe bem: o avião cai numa região selvagem, distante, mocinho e “bandido” sobrevivem mas têm de lançar mão de alguns artifícios e destrezas para sobreviver no meio do nada, sob um frio cruel.
Olha o masculismo começando a aparecer aí...
O herói, até então apático e indefeso, sentido que ia perder a vida (além da mulher...), é obrigado a confrontar seus medos e partir para o ataque. Tem de driblar o outro, que espreita uma chance de matá-lo, e deve sobreviver num local nada agradável, até que alguma ajuda surja.
O mais interessante começa aí: usando de suas pretensas habilidades intelectuais (meras “teorias”), ele começa a pegar gosto pela coisa, uma vez que consegue utilizar sua inteligência (muito mais do que força) para safar-se de situações de risco, além de conseguir caçar, pescar e alimentar-se. O outro, o bonitão, contando apenas com a força mas sem muita inteligência, resigna-se por ter de acompanhar aquele.
O momento crucial, a simbologia maior do filme, que representa a vitória do homem sobre seus medos, é a ocasião em que o protagonista, com suas próprias mãos, mata um urso — todo homem sonha em “matar um urso” e poder, assim, demonstrar sua força, sua virilidade, diante do mundo. O monstro abatido, aos seus pés, é uma recompensa, um troféu a ser exibido com orgulho para os outros, para a “tribo”. Assim, ele ganha finalmente o respeito que há tanto almejava.
Claro que o vilão morre, ainda que por acidente, e o protagonista ainda dá uma de homem nobre, honrado, pois diz que “perdeu um amigo”. Não se refere a ele como o potencial assassino que não logrou atingir seu intento.
E a mulher? Agora que o homem amadureceu, cresceu, descobriu-se, vai ter um destino cruel, no mínimo: o abandono, a indiferença...
Viram como é o masculismo? E o que isso tem a ver com o dito no início do texto que escrevo? Ora, ele é um bom exemplo de o que é pura futilidade. Coisa de americanos consumistas, claro, que, esvaziados pelo puro desejo de consumo e competição, sentem-se constantemente vazios, pois lhes falta o principal: uma identidade.
É preciso um espertalhão surgir com teorias ridículas, óbvias, para ganhar dinheiro em cima do mais óbvio ainda: a falta de dinamismo dos homens — principalmente dos norte-americanos, diga-se de passagem — só pode ser combatida com a re-descoberta de sua própria identidade.
Depois de uma dessas, só me resta a constatação: GENTE, COMO É BOM SER BRASILEIRO!!

Any III.
Any, você postou recentemente a letra de Jade, do João Bosco.
Se eu te falar que canto e toco essa música, imitando até os trejeitos do João Bosco, você acredita e me dá um beijo?
U-hu!!
Any II.
Any, minha contribuição sobre um post seu que fala do fim da Língua Portuguesa:

Evolução do seguinte pronome de tratamento em cerca de cem anos:

Vossa Mercê.
Vossemecê.
Vosmecê.
Vomecê.
Você.
Ocê.
Cê.
C.
..... (leve e quase imperceptível ruído saindo dos lábios...)
4.000 acessos (Any I).
4.000 acessos, e a “vencedora” foi a Any, a minha Any...
Minha primeira e fiel leitora, uma das que mais divulga meu blog, minha admiradora nem tão secreta (às vezes nos falamos ao telefone...), a que eleva minha auto-estima às nuvens, a que, por fim, me adora e me idolatra.
E ela bem sabe que a recíproca é mais do que verdadeira...
Não é lindo tudo isso?
Mas ela também compartilha de minhas dores e infortúnios, pois poucos nesse mundo podem garantir com certeza que vivem em plena e completa paz, e estou muito longe de atingir a perfeição...
Como sempre digo, sofro, mas sou feliz — dois conceitos bem diferentes. A felicidade e o sofrimento caminham de mãos mais do que juntas: andam completamente atadas.
Se alguém disser que não sofre nesse mundo é porque deve ser um alienígena, porque nós todos, habitantes dessa grande nave chamada planeta Terra, temos a mesma e única missão de aprendermos uns com os outros, e dividirmos nossa cota de “sofrimento”.
Se assim não o fosse, Deus seria um ser medíocre e indiferente.
Mas Ele é um ser maravilhoso, visto que me colocou no caminho outro ser mais do que fantástico, de uma voz doce e de uma beleza ímpar: Any, a minha Any.
Um doce beijo em seu sorriso, Any...
"Vá tomar sol!"
Espero que não riam do que vou dizer, nem me interpretem mal. Mas o certo é que o Brasil deve ser o único país do mundo em que se discriminam... brancos!
Isso mesmo.
Eu já fui discriminado por ser branco, e mais de uma vez.
Nunca pensei que ser branco estilo banho-de-lua incomodasse tanto as pessoas. Poxa, não tenho culpa se minha pele é daquelas que “desmancham” se eu ficar mais de meia hora ao sol. Já chegaram quase ao ponto de me dizer: “Vá tomar sol!”, como seu EU, do alto de minha natural discrição e pretensa “limitação pigmentar”, estivesse incomodando as pessoas ao meu redor com a cor de minha pele....
Que mundo medíocre, Meu Deus!
E uma funcionária de uma escola em que dei aulas (isso foi há muitos anos...) deu-me uma bela de uma indireta uma vez (nem precisava: eu não a estava paquerando): “Eu só gosto de homens morenos”. Tá, entendi. E nem precisou ela entrar muito a fundo, pois eu já sabia qual era o tipo preferido dela, de antemão: moreno, mulherengo, falar arrastado, metido a malandro, vulgar, que goste de axé, sertanejo e pagode, e que dance muito bem, de maneira diametralmente oposta à sua inteligência.
Que ironia: só porque sou “caucasiano” não posso fazer ou gostar de tudo o que os outros fazem? Já toquei todos os instrumentos de uma escola de samba, já toquei em grupinhos de música, danço até que muito bem (pois fiquem todos sabendo...), adoro percussão e ritmos brasileiros, falo em público naturalmente, toco violão e canto desinibidamente, e tenho de ser diferente só porque não sou... moreno?
E depois falam que é maldade o fato de o próprio brasileiro já ter assumido seu estereótipo de malandro, sem-vergonha e boa-vida. Mas é, infelizmente, o que eu cada vez mais vejo por aí!!!
Que melhor exemplo disso do que o concurso para a nova loira do Tchan? O “talento”, hoje, graças à ingrata Mídia, é cada vez mais visto como sinônimo de glúteos e músculos. As pobres moças sonham alto: quase todas universitárias, ao invés de investirem na futura carreira, sonham com a fama e o dinheiro fácil, advindo de umas belas reboladas...
É mais ou menos o que ocorre com a prostituição: falta de perspectiva, falta de identidade, falta de estudos, crise cultural, desemprego, falta de uma revolução que mude essa maneira machista de ver a realidade.
Por isso tudo, acreditem: eu sou constantemente discriminado por ser branco!!!
E o pior é que eu nunca quis dar uma de esnobe a ponto de falar “Humpf! Vou morar lá na Europa, de preferência na Escandinávia”.
Aquilo ali tudo é muito chato! Prefiro o meu país com todas suas mazelas e misérias do que viver uma identidade que não é nem nunca será a minha.
Tá, vocês vão falar que há o outro lado da moeda – muito pior, por sinal -, como a cruel discriminação racial, a exclusão social... Ok, concordo, isso tudo é muito mais grave do que essas ficuinhas de que eu venho falando até agora...
Mas, mesmo assim, insisto que o brasileiro precisa rever a maneira como pensa a realidade e seus conceitos. Se ele começar a vestir constantemente essa já afamada identidade de “morenice axé boa-vida”, vai ser difícil apagar das gerações futuras esse estereótipo que tanto estrago anda fazendo na mente das pessoas.
E tenho dito.
terça-feira, outubro 21, 2003
4.000 acessos (!)
O/a felizardo/a que completar 4.000 acessos ao meu site, ainda hoje, merece um post só para ele... Justo, não?
Me avise pelos comments, mas não vale mentir, ok?
Olha lá, hein? Senão:
a) não vai pro céu;
b) vão nascer verrugas no seu dedo;
c) seu nariz vai crescer;
d) a Cuca vem te pegar...
e) qualquer das alternativas anteriores...

Ai qui meda!!
PEQUENO DITADO
Quando entrares em tua casa,
aquela mesma que deixaste há muito,
muito tempo atrás, nunca, mas nunca
te esqueças, antes de entrares, de limpar
os sapatos no velho tapete da porta...


19/09/82.
Meu Deus, de onde, do alto de meus 17 anos, eu tirava essas coisas??
30 ANOS

Ninguém.
Ninguém de nós passará dos trinta anos.
Ninguém de nós passará por eles.
Ninguém de nós verá a luz do dia
depois deles,
ninguém,
ninguém no dia em que completarmos
trinta anos.
Schubert passou,
e foi o único.
Mas foi o único; ninguém
de nós ou mais alguém,
daqui a poucos anos que restam,
verá a luz do dia.
Nunca mais,
nunca ninguém.


29/08/82.
Ei, vocês...
... que fizeram dois comments no post Fast changes...
Dá pra postá-los de novo? É que não consigo abri-los de jeito maneira...
Obrigado.

(Já saquei: o brógue é gringo mas ele bloqueia palavras em inglês... Santo de casa...)
PIANÍSSIMO...

Mesmo quando sei que nada
é para sempre,
aí descubro porque tudo é eterno.
Ah, não...
... Vocês vão enjoar de mim hoje. Uma vontade de falar, escrever... Isso porque acabei de fazer um longo trabalho, e já digitei muito por esses dias...
Mas mania de músico é essa: escrever e digitar rápido, muito rápido, em bastante, muita, exagerada, escandalosa abundância - o que não quer dizer que haja qualidade no que se escreve... Rá!
Digito muto aqui no trabalho, chego em casa, ligo o PC e ainda vou digitar mais ainda, trabalhando no meu futuro livro - ops, segredo de Estado, nada a declarar por enquanto.... he he...
Mas, menina Marcela, você, com sua contumaz inteligência, acertou em cheio: seu texto sobre o G. Orwell matou a cobra e mostrou o... [Não preciso dizer. Vocês já sabem].
Olha, acho que eu e Orwell nos plagiamos: eu já havia dito aqui mesmo que escrever é um ato de puro egotismo (essa palavra mesmo, não está escrito errado). Orwell disse que os escritores escrevem movidos por puro egoísmo, incialmente.
Poxa, vão lá ler o texto completo no blog da Marcela depois a gente conversa...
Vale a pena...
Da possibilidade de meus posts pararem e virarem... postes.
"Configurações de controle de acesso não permitem que você tenha acesso a este site. Por favor entre com o Administrador de Rede se você sente que isto está incorreto."

Consigo postar os textos apenas uma única vez, por meio de um certo cambalacho. Se houver algum erro de digitação ou coisa parecida, ba-bau: não tem como consertar. Muito menos deletar o que já está agregado à página.
Paciência...
Mas tudo bem, gente: ética do funcionalismo público, a res publica. O que é de uso comum, público, não pode expressar opiniões de ordem pessoal, nem devo me utilizar de "recursos públicos" em proveito próprio, o que significa gastar alguns centavos do contribuinte com conexões de Internet...
Ainda se meu site fosse atentatório "aos bons costumes", ou imoral, mas nem isso!! Posto apenas meus poeminhas, às vezes algumas idéias pesadas em meio a palavras amenas... Só isso.
Um PC de acesso alternativo? É possível, talvez na hora do almoço, nessas Lan Houses que pululam por aí... Quem sabe?
"Só sei que nada sei" (Puxa, como adoro esse aforismo...).
Só sei que não vou me calar, embora conspirem contra isso.
Só sei que, enquanto o sol brilhar a o SBT passar novelas mexicanas, eu estarei por aqui.
Só sei que raramente passam filmes do Monthy Python na TV aberta.
Só sei que vou ali fora tomar um cafezinho e já volto... (Ah! Entreguei... Mas eu sou um funcionário público exemplar, viu? Faço tudo direitinho, sou pontual, etc, etc, etc e, obviamente, mais um etc.)

(Fiz que fui, fui indo... e acabei fondo.)
segunda-feira, outubro 20, 2003
Estão bloqueando o acesso a meu blog! Nem consigo mais editar meus textos...
Será o fim de Rufus e suas toscas palavras?
Rede de informática do Governo... Humpf!!
sexta-feira, outubro 17, 2003
Rufus tem mais, muito mais guardado...
Guardei de mim para ti, para você, para quem nem bem imagino...
Se me lêem, me entendem, e entendem a si mesmos.
Pois que me leiam, então, se tiverem disposição e vontade...

"Meu extermínio está censurado,
porque vai servir de exemplo.

Tomem-no aos grandes goles,
tomem-no aos grandes goles.

Porque, antes disso,
tomarão a mim primeiro".
(Vale a pena ler de novo...)
GANNY

Ganny viu uma fonte,
e bebeu da água desta fonte:
Amor, em si diluído,
fluiu-lhe às entranhas,
e de lá ficou a acariciá-la.

Ganny era outra sem sê-la,
mas também o era sem sabê-lo,
e muito se aprazia com isso.
E, a parecer-lhe tristonho,
via-a de meus olhos, Ganny,
a outra,
com quem a fonte tinha-lhe
uma dívida.

“Ganny”, disse, “Não te amo,
mas amo-te quando não quiseres,
e, quando o quiseres,
amar-te-ei sem que me ames,
porque assim me odiarás como
a ti mesma, quando outra.
Ganny, não bebas da fonte,
novamente e nunca;
a fonte engana-te, e a
mim também, porque
rouba-me a ti.
Não, Ganny, não vertas
esta água, não me sorrias
assim,
entre dentes alvos
e a água inimiga.
Ri-me apenas com dantes,
quando me vias, e
enxergavas-me.
Agora nada tu vês,
nem a mim.
Mas, pois, aqui estou,
e lhe peço:
desfaz-te estas mãos
em concha, juntas,
e devolve a água
à sua maldição.
A manhã ainda é cedo,
e tarda a tarde:
não te percas, pois, mais,
e jamais...”

Mas ouviu-me, sequer,
Ganny, minha Ganny.
Como louca, como Ganny
– a outra –,
pôs-se a postar-se
e a sombra a escurecê-la,
por mais e muito,
minha Ganny...
Transfigurou-se-lhe
o turvo lábio,
a lívida fronte,
os castos olhos,
e a mim também,
que a socorria
em alma e
prantos, como
que já me despedia...
Como lhe sorria a alma
sua ao deixá-la!
Lá se ia Ganny,
nossa Ganny,
entre dedos meus
e tão trêmulos,
e tão túmidos
da lágrima abundante...

Ganny vira uma fonte,
e bebera da água desta fonte.
Amor, em si diluído,
fluíra-lhe às entranhas,
e de lá ficou a acariciá-la...
Tenho mais parcos anos
de vida.

Escrevam isto.

Como uma revelação
eternamente divina
vislumbro meu começo
e meu fim,
partindo do meio.

E antes que eu
me parta ao meio,
acostumo-me à tragédia
à maneira de um herói
ao seu destino: incerto...

Mas ela vem.

Escrevam isto.

Tragédia num lado do
Buraco Negro.
Do outro lado, uma felicidade
infinda.

Medievo, eu?
Pudera vocês, ainda habitantes
das cavernas.

Escrevam isto.

Não direi adeus
sem antes que o compreendam
e pratiquem um até logo.

A priori homem
a posteriori sempre homem.

Pois não tenho um nome?
E revejo o de outras vidas?
E reconto os degraus acima
da Inquebrantável
Escada?

Partirei.

Escrevam isto.

Por hora,
dormirei.

Escrevam isto.


(30.08.88)
EXPIAÇÃO

Há anos, Maria minha,
que cumpro
singela pena,
e tão constante,
que mal de leve
me chega a ser
uma punição.

Nesta minha expiação
metódica
e desumana,
sofro
– curioso –,
mas sofro,
porque me tendes por louco,
e nem ao menos percebes
que,
nesta minha loucura,
espio-te todos
os dias
da janela,
e todos os dias,
ao não me ver,
forças-me a
expiar-me...
O que penso após dirigir por estas ruas?
Que o ser humano me entedia.
só isso tenho a dizer.
Domar.

Domar a voz e
os cabelos.
Domar o corpo
e a cidade.

Depois de tudo
domar o homem,
que é o dono
da mão.

(E a mão segura
a pena)

Não há como domar
a pena
se não se doma
o homem.
Mal olho a noite
e tomo da “fábrica de linhas”,
e já me rasga o véu
celeste
em grossas gotas.

Seria loucura até viver com esses
milhões de sons metralhadores
batendo na vidraça
por toda uma
eternidade...
Como o prometido...
Me perdoa, me perdoa,
desesperadamente
ME PERDOA!!

Estás tão à toa.
Por que é que
não me perdoas?

De mim, a quem tão boa
tens sido, por que é
que te caçoas?

Minha voz já voa
até o alto cume
do teu orgulho,
e quase não ressoa.

És como um eco:
teimas em não voltar,
custas a devolver
o apelo que, no vazio,
silenciosamente, tonitroa...

Eu não queria só te
dar notícias boas,
se me mato por
conseguir fugir às más.

Vai, vai e fica indo.
Inda hoje te vi
à toa, na boa,
sumindo em meio à garoa.

Voa, andorinha, voa.
Teu ninho fica vazio,
vazios meus olhos,
morta-viva minha vida.

Mas, antes...

Me perdoa, me perdoa,
apaixonadamente
ME PERDOA!!


(05.04.89)


(Para Aquela que o sabe, sempre...)
quinta-feira, outubro 16, 2003
Poxa...
... Eu ia postar um poema mas não o trouxe comigo.
Atarefado, sem tempo para postar e ler os blogs amigos, então... o jeito é sentar, ler e rir.
Principalmente com esse ótimo texto logo abaixo, que, vocês, com certeza, já cansaram de ler por aí.
Bem, dêem-me uma chance, ok?
Pra quem já leu, sugiro que finjam e riam de novo, do mesmo modo que riem quando o colega nos vem contar aquela piada mais velha que os Dez Mandamentos....

(E prometo que posto um poema em breve...)

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Novo Tratado de Murphy

LEI DA ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO
Tudo leva mais tempo do que todo o tempo que você tem disponível.

LEI DA PROCURA INDIRETA
1. O modo mais rápido de se encontrar uma coisa é procurar outra.
2. Você sempre encontra aquilo que não está procurando.

LEI DA TELEFONIA
Quando te ligam:
- Se você tem caneta, não tem papel...
- Se tiver papel, não tem caneta...
- Se tiver ambos, ninguém liga.
- Quando você liga para números errados de telefone, eles nunca estarão ocupados.
Parágrafo único:
Todo corpo mergulhado numa banheira
faz tocar o telefone.

LEI DA EXPERIÊNCIA
Só sabe a profundidade da poça quem cai nela.

LEI DA GRAVIDADE
Se você consegue manter a cabeça enquanto à sua volta todos estão perdendo, provavelmente você não está entendendo a gravidade da situação.

LEI DAS UNIDADES DE MEDIDA
Se estiver escrito "Tamanho único", é porque não serve em ninguém.

LEI DOS CURSOS, PROVAS E AFINS

1. Se o curso que você mais desejava fazer só tem 'n' vagas, pode ter certeza de que você será o aluno 'n+1’ a tentar se matricular.

2. Oitenta por cento do exame final será baseado na única aula que você perdeu, baseada no único livro que você não leu.

3. Cada professor parte do pressuposto de que você não tem mais o que fazer senão estudar a matéria dele.

Parágrafo único:
A citação mais valiosa para a sua redação será aquela da qual você não consegue lembrar o nome do autor.

GUIA PRÁTICO PARA A CIÊNCIA MODERNA:
- Se mexer, pertence à biologia.
- Se feder, pertence à química.
- Se não funciona, pertence à física.
- Se ninguém entende, é matemática.
- Se não faz sentido, é economia ou psicologia.
- Se mexer, feder, não funcionar, ninguém entender e não fizer sentido... é INFORMÁTICA!

LEI DA QUEDA LIVRE
Qualquer esforço para agarrar um objeto em queda provocará mais destruição do que se deixássemos o objeto cair naturalmente.
1. A probabilidade de o pão cair com o lado da manteiga virado para baixo é proporcional ao valor do carpete.
2. O gato sempre cai em pé.
3. Não adianta amarrar o pão com manteiga nas costas do gato
e o jogar no carpete. O gato comerá o pão antes de cair... Em pé.

LEI DAS FILAS E DOS ENGARRAFAMENTOS
A fila ao lado sempre anda mais rápida.
Parágrafo único:
Não adianta mudar de fila. A outra é sempre mais rápida.

LEI DO ESPARADRAPO
Existem dois tipos de esparadrapo: o que não gruda e o que não sai.

LEI DA VIDA
1. Uma pessoa saudável é aquela que não foi suficientemente examinada.

2. Tudo que é bom na vida é ilegal, imoral ou engorda.

LEI DA ATRAÇÃO DE PARTÍCULAS
Toda partícula que voa sempre encontra um olho aberto.
quarta-feira, outubro 15, 2003
Meu dia.
Sabem aquela sensação de estar comemorando o seu segundo aniversário?
É a mesma que sinto hoje, no Dia dos Professores.
Mas, para não fugir à rotina, já vou dizendo que não tenho muito o que comemorar...
Nem dou aulas mais, apesar de já ensaiar um retorno para o o ano que vem.
O certo é que a atividade me rendeu mais pesares que glórias: tenho uma ligeira fibromialgia que me acompanha até hoje, atacando-me pulsos, braços e pernas. Resultado da longas horas em pé, falando alto, escrevendo muito na lousa, segurando papéis nas mãos, respirando muito pó de giz...
Solidarizo-me com tantas outras profissões "ingratas", como a da área de Saúde, pois somos injutiçados de várias maneiras: economica e socialmente, às vezes de maneira até física, e sem contar que o que um professor passa aqui neste país é coisa digna de Terceiro Mundo.
Realmente, o brasileiro merece toda sua carga de ignorância e atraso cultural que lhe é atribuída... Até um paraguaio passa mais do que o dobro do tempo de um brasileiro na sala de aula...
Apesar de eu nunca saber o que era um final de semana ou um feriado, quando dava aulas, sem contar o desgaste físico constante, tenho boas lembranças da época, principalmente de alunos que realmente gostavam de aprender. Muitos me agradeciam por eu ter dado "aquela luz" a eles, ao contrário de outros, sarcásticos, indiferentes, achando-se superiores ao próprio conhecimento que queríamos transmitir...
Claro que me refiro aos alunos mais abastados, que, praticamente, achavam que não precisavam estudar - e que, para variar, eram os piores tipos de aluno. Hoje, devem freqüentar apenas aquelas faculdades tipo padaria ("qualquer esquina tem uma..."), ao estilo "FMU" - Fui Mal na Usp... rs...
O certo é que eu falava tanto, tanto, que, ao chegar em casa, até evitava de trocar palavras com alguém... Já não tinha voz ou disposição para quase nada... Eu só queria e almejava o silêncio, o doce silêncio...
Ah, professores, nossas mais doces lembranças...
Fiz Letras na USP, e eu me lembro que saía da cada aula carregando uns dois litros de baba... Qualquer professor dali falava dois ou três idiomas, podiam discutir Psicanálise, cultura popular, literatura francesa ou filosofia alemã da maneira mais natural possível.
Quando comecei a fazer Direito numa certa faculdade de Bauru, ao contrário, foi a pior das decepções: professores horríveis, ignorantes, que mal falavam português e nem sequer sabiam escrever numa lousa, quanto menos dar aulas... abandonei o curso e nunca mais voltei.
Por isso os professores são tudo, gente. Esqueçam a tecnologia, os cumputadores, os modernos recursos audio-visuais. Isso de nada adianta: naquele tempo, só tínhamos lousa, carteiras e ele, o professor. E devo praticamente quase tudo a eles, do que aprendi e transmito hoje.
O pior de tudo é que penso em voltar a dar aulas, mas de maneira diferente. Professores da cursinho ganham bem, muito bem, obrigado - eu nunca ganhei bem porque só trabalhava em escolas pequenas... Acredito ser uma das profissiões mais cobiçadas hoje, mas o indivíduo tem de ser realmente muito bom...
Mas hoje é diferente. Amanhã também será...
Será que Rufus ensaia uma triunfal volta à ativa?
Saberemos em breve...
terça-feira, outubro 14, 2003
Gostei...
Fiz um comment no site da Lina Femme, e saiu mais ou menos isto aqui:
"E o amor não vive de futilidades, embora a futilidade seja a origem de muitos amores sérios..."

Qu'est-ce que tu en penses??
Trilhas.
E uma vontade grande, louca, insana, incontrolável de falar e falar e mais falar sobre música, imaginando a trilha sonora de nossas vidas. Cada segundo, cada acontecimento, cada pequena dádiva diária com seus sons e ruídos mágicos. Uma música para o primeiro beijo, o primeiro choro de seu primeiro bebê, o primeiro olhar Dela no corredor do colégio, a última visão do amigo que parte para sempre...
De vontades vivo, de vontades sou e permaneço.
Música da alma, do coração, do corpo, da mente, do espírito. Músicas completas, incompletas, feitas ora de silêncios, ora de cores, ora de lamentos e dores.
Rememoro trilhas sonoras acompanhando minhas muitas trilhas, coletivas ou solitárias. Amigos e pessoas que surgem e se vão, faces que só vejo uma única vez, e nunca mais me esqueço delas, graças à música que brota desde o primeiro cruzar de olhos e sorrisos.
Alguém já sorriu para vocês na rua, e uma música passou a acompanhá-los, desde então? Seriam anjos anônimos, sorrateiros, testando nossa auto-estima e nosso sorriso?
“Você já sorriu hoje? Não? Então toma”.
Música, letras inesquecíveis, amores audíveis e quebrantáveis...
“O que será de nós, se estivermos cansados da verdade do amor?”
“Se você quiser eu danço com você no pó da estrada”.
“Se você deixar o coração bater sem medo”.
“Travesseiro dos meus braços só não faz quem não quiser”.
“Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz, e, atrás dessa mulher, mil homens sempre tão gentis”.
“Te perdôo por fazeres mil perguntas que, em vidas que andam juntas, ninguém faz”.
“Meu lar é onde estão meus sapatos: um pouco em cada pedaço e lugar...”
“Como, se na desordem do armário embutido, meu paletó enlaça teu vestido, e meu sapato inda pisa no teu...”
“À primeira vista, a paixão não tem defesa: tem de ser um grande artista pra querer se segurar. Faz tremer a perna, faz a bela virar fera, quando alguém que a gente espera quer se chegar...”
“Certas canções que ouço cabem tão dentro de mim... E perguntar carece: como não fui eu que fiz?”
E o Lô, sempre você, Lô, perscrutando minha alma com seus acordes e melodias nunca dantes navegadas, trilhas sonoras de minha vida que, até hoje, ainda não se encontraram por nenhuma encruzilhada:

“Quando alguém passar
E perguntar por mim
Não esqueça de dizer
Até amanhã, até amanhã, até amanhã...
Não esqueça de sorrir
Como eu tentei sorrir
Quando alguém lembrar
O que fui, o que sou, o que sei...
Diz pros amigos que eu ainda sei dançar
Deixa o mundo virar para sempre...
No fundo do pomar
Estrelas no lençol
Eu quero ver você, ter você,
Ser você, amar você...
Quando você ouvir
Essa canção que eu fiz
Não esqueça de sonhar
Até amanhã, até amanhã, até amanhã...”
segunda-feira, outubro 13, 2003
Serviço de utilidade pública (privada)
Da série "Eu recomendo", sugiro a todos um passadinha no blog da Descalça. Imagino que ela aprovaria uma menção honrosa ao seu site, muito interessante pela criatividade e espontaneidade, sem contar a qualidade dos textos. Confiram:

Os dias jogam xadrez com a minha vida. E a primeira sempre ganha...
Voltando à realidade dos meus dias eu me sinto triste, sinto o quanto me faz falta fazer algo que vá de contra a tudo o que planejo, a tudo o que eu acho ser o certo.
Esquecer os esquemas é tão bom. Agir conforme o impulso e viver essa vontade de largar todas as coisas e apenas deixar que o rio guie o meu barco é tão bom.
Às vezes me cansa essa batalha diária, me cansa saber as respostas e nenhuma delas servir para minhas perguntas.

[Legal, não? Lembra muito um post que escrevi outro dia: "Não temos de estar prontos para dar respostas, se não existem as perguntas...")
Me cansa pensar, pensar é perigoso.
Há quem me ache com boas respostas, mas não possuo, e há a dúvida de não saber se é de meu direito agir de determinada forma. Mas a vida é assim, não é?
A gente morre quando as dúvidas acabam.
[grifo meu]
Queria agora um pouco de céu azul, apesar de saber que eu tenho as escolhas, de tão cansada, queria não escolher.
Me dar o direito de ser triste sem culpa, não deixar que algumas coisas se misturem à minha vida.
Hoje eu precisaria tanto percorrer novos caminhos, alguém pra me ouvir e que me ajudasse a achar as respostas, ou que apenas me ouvisse.
Mas à minha frente só vejo o caminho de sempre, e eu faço as mesmas coisas: percorro à procura do detalhe que passou despercebido pelo meu coração.


Show de bola, show de bola...
Tudo o que você queria saber sobre casamento...
... e tinha medo ou vergonha de perguntar.

Eu confesso: eu não agüento mais ler blogs de pessoas afoitas para casar, como se uma bomba de nêutrons fosse detonar amanhã e urgisse aproveitar a vida a dois imediatamente, antes que tudo vá pelos ares.
Só uma recomendação, se me permitem, minhas caras: a pressa de juntar as escovas de dente, a cobrança, o exagerado e meticuloso plano de casamento assusta a nós, homens, que costumamos ser mais cautelosos nesse ponto, e tudo pode ir abaixo de uma hora para outra, cedidos por uma carga de estresse sobre-humana. A vida a dois, quiçá, é longa e duradoura, por isso nada de pressa. Lembrem-se do que já foi dito: esse será o primeiro ano do resto de nossas vidas... Para que a pressa, então?
Vamos começar pelo principal, seus maldosos e curiosos:

1o. MITO: a vida sexual declina com o passar do tempo.
FALSO. Eu diria que ocorre exatamente o contrário: tudo fica melhor. A cumplicidade, o companheirismo, a convivência e o próprio progresso “físico” do casal tornam tudo melhor com o tempo. Não existe esse lance de rotina sexual. Só gente com mil problemas de convivência apresentam esse “distúrbio”. Ocorre, por sinal, uma coisa curiosa: uma espécie de amálgama corpo-espiritual, que deixa tudo mais saboroso e picante, com o passar do tempo...


2o. MITO: os dois acabam ganhando uns (ou muitos unsssss) quilinhos após o casamento.
VERDADEIRO. Mas nada exagerado. Na verdade, as pessoas acabam, naturalmente, por ganharam mais robustez com o passar dos anos, independente de estarem casadas ou não. Mas tudo bem: a vida a dois torna-nos mais caseiros, as pessoas gostam de passar mais tempo em casa, fazem mais almoços em família, e aí já viram... Mas tem suas compensações: eu, por exemplo, estou hoje, fisicamente, 100% melhor do que há uns dez anos. Eu era magro a ponto de meu pijama só ter duas listras, e hoje estou bem mais encorpado e robusto, eu diria que “no ponto”.... he he he... (risadinha sutilmente maliciosa...)


3o. MITO: As pessoas dormem melhor a dois, na cama de casal.
FALSO. E olhem como é a vida: anos de pesquisa e estudiosos provaram o que já é óbvio para os casados: dormir a dois é mau negócio. Um atrapalha o sono do outro.
E vocês querem algo mais convencional, mais pequeno-burguês do que nos obrigarem a dormir a dois? Casou? Pois tratem de dormir juntos. Tá, tá certo: os filmes, as novelas, os romances passam essa idéia mágica, suave, belíssima, que é dormir juntinho, mas na vida real não cola. Um puxa o cobertor para cá, outro para lá, o(a) folgado(a) acha que a cama é só dele(a) e se esparrama como um rei/uma rainha sobre sua fortuna, obrigando você a se espremer como um pobre coitado num dos cantos... Quando muito não ocorre o pior de todas os infortúnios: um dos dois (ou ambos...) acabam roncando. Aí, meus caros, a coisa degringola de vez... O jeito é ir dormir no sofá da sala.


4o. MITO: Toda mulher acorda aconchegada no ombro do amado.
FALSO: ta vendo o que dá assistir a muita comédia romântica americana? Ta lá o herói, feliz, despertando com a amada aconchegada ao seu ombro. O relógio os acorda, ela se desvencilha dos braços fortes que a envolvem, o outro se levanta calmamente, após umas oito horas de pura imobilidade, SEM DORES, SEM LUXAÇÕES, SEM CÂIMBRAS!! Isso só seria possível mesmo num episódio do homem biônico, série televisiva dos anos 70-80. Ok: por mais que a gente goste de dormir assim, não há um braço humano que agüente o tranco por mais de meia-hora, e olhe lá...

5o. MITO: Os anos de casado tornam-nos mais sarcásticos, ao ponto (quase desesperador) de escrevermos sobre o assunto em blogs.
VERDADEIRO!!!! Mas não quer dizer que deixamos de ser românticos ou pessimistas. Casar não faz a mal a ninguém (vocês bem sabem ou podem deduzir), a menos que tenham se casado com alguém que está mais para seu inimigo, como foi o meu caso... he he he...
Mas a vida é sempre longa e acolhedora, e nada impede que recomecemos da melhor maneira: casando de novo... Esses aí são doidos mesmo... rs....
Mas felizes, por que não?
Bom casamento a todos. E vida longa e próspera.
sexta-feira, outubro 10, 2003
Sei lá,
não sei qual poema postar...
Essa obrigação de nos tornarmos sempre obrigados a nos postar, sem obrigação alguma...
Fora o trocadilho infeliz, acho que os dois poemas abaixo completam essa semana modorrenta e sem muitas novidades...
E não posto mais hoje. Só segunda-feira, que é o melhor dia da semana por vários motivos:
1. passa voando e acaba logo (já perceberam?). Ufa!
2. É o dia mais próximo do final de semana – que acabou de acabar...
3. É o dia predileto para tirar sarro de palmeirense: “E aí, como está a sua segundona?”... ha ha...
4. Os garçons podem finalmente folgar. (???????) – (Sei lá, alguém deve pensar neles uma vez ou outra, poxa...)
5. A gente pode finalmente voltar a trabalhar... (Não me fuzilem: essa é para aqueles que, por um ou dois zilhões de motivos, odeiam ficar em casa nos finais de semana, falouuuu??)
Assim o é.


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Rio até da Morte!

E se não risse?

Até da morte gozo

os bons momentos...

E se não gozasse?

Mesmo agora zombo

de tua cara, leitor...!

E se não zombasse?

Até dos dias sem sol

vivo mais os dias.

– E se não os vivesse?



– x – x – x – x – x – x – x – x – x – x – x – x – x –


Quebram-se silenciosamente
os grilhões.
Os lacres se desfazem,
rangem as folhas,
abre-se o caderno,
as linhas
saltam
amareladas.

Agora a pena de novo
lhe
desliza,
anda trôpega, ainda
enferma,
buscando,
no beijo azul,
se refazer.

Só a imaginação não tem
limites.
Pois que é passado e futuro,
onde não há
presente...
E, como sementes antiqüíssimas,
perdura,
e rompe,
por mais aguardar
que fique
no seu bojo.

Ei-la que desponta...
Ah, a linguagem, a doce linguagem...
Como (ex-?) professor de Português, garanto que sou suspeitíssimo ao falar sobre o assunto, até porque vivo e convivo com ela desde que nasci.
Acho até mais chique me auto-proclamar “filólogo”, pois, apesar de não ter me especializado na área, ainda assim estudo e amo minha doce língua portuguesa, devolvendo constantemente ao mundo o que ela me ensinou, por meios de frágeis palavras espalhadas às páginas e linhas do vento.
Deve ser por isso que gosto de coisas antigas: vai gostar assim de arcaísmos lá na Cochinchina... Quando adolescente, tinha uma mania irritante de escrever poemas empregando palavras como pundonores, quintessências, tergiversar ao infinito, profundo propulso, alabaude, atalaia, escol do arcano motivo, sei lá que mais.
Sempre gostei de estudar e ler sobre gramática antiga, línguas antigas ou “mortas”, por falar nisso. Às vezes, me sentia tal qual um Indiana Jones da linguagem, tentando encontrar o elo perdido entre todos os idiomas de todos os povos que por aqui passam ou passaram...
Tem o seu lado lúdico, claro: já ouviram falar em Toponímia? Estudo da origem dos nomes. Divertidíssimo. Quem disse que o estudo de nossa língua não tem seu lado descontraído? E Tupi, nossa verdadeira língua mãe? Olhem a sua volta: mais da metade dos nomes de ruas, cidades e regiões desse país têm nomes indígenas, mas sepultamos nossas origens históricas de maneira infame. Nem em escolas se ensina o Tupi, uma língua simples, fácil de se aprender e até que bonita...
(sabiam que os Tupis contavam só até quatro? Acima desse valor, tudo era resumido a “mais de quatro”... Que maravilhosa contribuição ao ensino da matemática eles teriam dado!!!!)
A questão do vocabulário também é algo indigno de se tratar nos dias atuais. Às vezes chego a minha casa arfando, fechando a porta com estrídulo, branco de pavor, como se fugisse de um perseguidor cruel: fujo sim do que acabo de ler lá fora, nos painéis, outdoors, faixas de rua, bilhetes, cartazes...
Sabem o mais curioso? Está acontecendo uma verdadeira regressão lingüística do brasileiro. Vítimas da fome, da miséria, da pobreza e da ignorância, o “povo” anda falando cada vez pior, e de maneira mais reduzida. Grunhidos. Vocabulário restrito: “comer, beber, trabalhar, roubar, matar, morrer”. Acho que um ser humano desafortunado pelo destino deve passar toda sua vida empregando umas 300 ou 400 palavras apenas.
Contrastes: uma gorila aprendeu a linguagem dos sinais, e, por meio deles, conseguiu desenvolver um vocabulário de 620 palavras. Uma gorila! Stalone mesmo deve saber falar pelo menos umas 500... Machado de Assis escreveu toda sua obra com “apenas” 5.000. Letrados como eu, você, nós, devemos ter lá nossas 1.500 ou até mesmo 2.000 palavras... Mas poucos atingiram a marca do prolixo Euclides da Cunha, do genial Guimarães Rosa ou do artificial Coelho Neto: 25.000 palavras!
Bem, vou ficando por aqui porque já falei e já torrei demais a paciência de vocês, além de gastar minha cota vocabular de hoje...
Assim o é.
( E mais tarde tem um poeminha para vocês...)
quarta-feira, outubro 08, 2003
Matrix (de novo...)
Tanto tenho lido, ainda que por osmose, sobre a trilogia Matrix, que resolvi respostar um texto do início de meu blog. Eu o chamaria de "pequena contribuição ao entendimento do universo de Matrix".
Lá vai:

"Ainda não vi Matrix Reloaded. Não tenho pressa.
Mas duas coisas vocês precisam saber: os dois irmão diretores fizeram o primeiro Matrix baseados numa colagem bem sucedida de outros filmes e livros. Até aí, nenhum novidade. Reciclar é dar vida, ânimo novo. Até poetas como Camões fizeram isso. Claro que é um plágio disfraçado de arte, mas funciona.
Mas vocês sabem de onde os irmão Wachowski tiraram a idéia da Matrix escorrendo como gotas de chuva na tela do PC? E do Neo desviando de balas quase à velocidade da luz? Eu sei. E vou contar:
A idéia da Matrix caindo como gotas, escorrendo na tela, foi tirada do filme Nirvana, de 1997, com Christopher Lambert. Por coincidência (coincidência?) o tema deste filme é o mesmo do Matrix: confronto entre realidade virtual e o mundo real. Na cena final do Nirvana, adentrando nos créditos finais, flocos de neve caem intermitentemente na tela, lenta e compassadamente...
E do neo desviando de balas? O filme original is almost a classic: Remo Willians, desarmado e perigoso, de 1985. Este é com Fred Ward. Lembram-se? Um tipo de guru oriental treina um ex-agente de polícia dado como morto, que se torna uma "arma letal" utilizando apenas as mãos. E aprende a se desviar de balas, claro. Aliás, um das cenas mais hilárias e inverossímeis do filme, já que o herói desvia de balas em tempo real, e não num ritmo tão frenético como o Neo. É divertido rever as cenas em que os vilões atiram no herói e ele dá apenas aquela pequena guinada de ombros, como se nada tivesse acontecido. Nunca é atingido por bala alguma, é claro...
Pois é, amigos, não é à toa que esse irmãos Wachowski têm fama de ser turrões e boçais: eles são plagiadores de quinta! E ainda ganham milhões com isso...
Boa diversão para vocês.
Um dia ainda assisto ao Matrix Reloaded.
Não tenho pressa."
Naquele tempo...
... em que brinquedos de pilha eram raros e caros, e nós, em nosso feliz despojamento, brincávamos com pedrinhas, papel, latinhas, madeira, bolas de plástico, quaisquer outros brinquedos baratos que estivessem ao nosso alcance.
Naquele tempo em que “matar ou enforcar aulas” era uma aventura, com direito a lances cinematográficos, que acabavam constando nas cadernetas escolares – e cada série tinha a sua cor....
Naquele bom tempo em que os amores platônicos e irrealizáveis pululavam a cada canto ou cantina, nossas musas, geralmente de classe mais rica e belíssimas, todas cheias com o assédio anônimo, abusavam do poder de seus fúteis olhares fatais...
Naquele tempo em que bicicletas dos sonhos tinham nome: BMX, Tigrão, Monaretta, e a campeã de todas: a Caloi 10.
Naquele tempo em que o cachorro da moda era o pastor alemão, e o doberman, também novidade, ameaçava o reinado daquele...
Naquele tempo em que era comum irmos até a chácara de um amigo ou parente, naqueles intermináveis churrascos e festas que varavam as tardes de sábado...
Naquele tempo de casamentos em sítio e fazendas, com músicos animadores-de-churrascaria tocando incansáveis boleros no (hoje velho) teclado eletrônico, e todos, debaixo de quentes toldos de plástico, saboreávamos caftas e churrascos de sabor inigualável. E com direito a chuva no final da tarde espantando os convidados...
Naquele tempo de boatinhas no pequeno clube, onde nos tornávamos mais criativos, mais românticos, mais visíveis em meio à jovem multidão com nossos loucos passos de dança bem coreografados, ao som de lancinantes hits dos anos 70 e 80... Luzes mil, globos de luz, pistas de dança com luzes coloridas, tomar um hi-fi para aquecer a noite, criar coragem para dançar com ela... ”Ih, bobão, demorou: outro chegou na sua frente...”
Noites quentes e estreladas, nas quais passávamos horas contando os satélites solitários, às vezes até oito por noite...
Naquele tempo em que amizades eram genuínas, as brigas inverossímeis, e nos dávamos tão bem a ponto de tecermos longos planos de nos reencontramos dali a 20 anos...
Naquele tempo de festinhas nas casas dos coleguinhas: um providenciava a iluminação, eu, com minha vitrolinha Sonata e vinis do Bee Gees, outro com doces e bebidas (só guaraná...). Dançávamos com nossas musas juvenis, que nós elegantemente tirávamos para dançar (elas aguardavam a um canto...). Naquele tempo em que (sublime vitória!) exultávamos se conseguíssemos fazer com que Ela deixasse que encostássemos nosso rosto bem juntinho ao seu, no embalo de músicas hoje bregas, porém românticas...
Naquele tempo em que nossos avós eram bem mais vós, davam beijos estalados e escandalosos em nossos rostos, e a mesa, aos domingos, era farta e cheia de ruídos alegres e estridentes...
Naquele tempo em que guardas-noturnos eram quase inexistentes, pois não se conhecia a violência, a podíamos fazer românticas, desafinadas e desorganizadas serenatas para nossas musas... Quase sempre o pai abria a janela e nos botava apara correr, no entanto, missão cumprida...
Naquele tempo em que passear na pracinha da cidade era fazer footing.
Naquele tempo em que bando ou gangue era chamada de láia.
Naquele tempo em que o céu de julho se infestava de pipas e papagaios, uma verdadeira febre que tomava conta de toda e qualquer criança.
Naquele tempo em que os patins reinaram absolutos, a ponto de a prefeitura fechar ruas só para as pessoas poderem patinar a tarde toda...
Naquele tempo em que a TV (graças ao Bom Deus), ainda nem sonhava com um Gugu ou João Kleber, e nos presenteava, nas quentes tardes, com filmes na sessão da tarde e desenhos japoneses... E ainda tinha a primeira versão do Sítio do Pica-pau Amarelo...
Naquele tempo em que a cidade toda babou quando o primeiro Monza (hatch) chegou à cidade, já dominada por Mavericks, Galaxies, Landaus e Dodge Darts envenenados...
Naquele tempo em que exultei quando meu pai comprou uma CB 400 82 prata, com apenas 20 mil km, na qual eu passeava e paquerava pelas intermináveis tardes de domingo...
Naquele tempo em que minha mãe me botou a aprender a dirigir por estradas de terra, pilotando nosso fusquinha 65 todo original...
Naquele tempo em que meu (já falecido) avô fez brilhar meus pequeninos olhos com uma elegante bicicleta Peugeot de três marchas, sendo que eu mal lhe alcançava os pedais!!
Naquele tempo em que o violão era companhia solitária para noites anônimas de choro, por causa dos mesmos e inverossímeis amores platônicos...
Naquele tempo em que o caderno de poesia virou companhia constante de uma criança cheia de planos e sonhos... Os planos e sonhos continuam até hoje, assim como a mesma criança só mudou seu jeito de ser e de vestir...
Naquele tempo, naquela época, naqueles dias, naquela pequena cidade, eu fui muito, muito feliz...
segunda-feira, outubro 06, 2003
INSÔNIA...
Todos têm ou já tiveram a sua.
Alguns mesmo não vão para a cama sem ela...
Mais uma noite quente em Goiânia e o resultado é previsível: o sono se vai...
Noites brancas, “da brancura noctígena”, o pior é “tentar” explicar aos nossos chefes porque chegamos atrasados logo no primeiro dia dessa semana modorrenta...
Impressionante como o tema inspira a tanta gente. Há filmes, livros, músicas, enfim, há todo tipo de manifestação artística sobre o assunto. Toco até uma música do Banden Powell com o mesmo nome da dita cuja ...
Mais uma vez, vasculhando meus arquivos etéricos, deletérios e literários de longevas eras, encontrei mais de um poema tratando da ausência do precioso sono.
Espero que a leitura dele possa servir de refrigério a quem tantos, como eu, sofre, de vez em sempre, dessa moderna praga da atrasada vida em sociedade...


INSÔNIA


Meu sono não me deixa dormir,
minha vontade só faz aumentar.
E a lua a brilhar por detrás das nuvens
geme tanto que se cristaliza na vidraça.

Nuvens varrendo o céu...

Meu sono é como um cometa:
inverossímil.
São duas da manhã e eu poderia
até dizer:
– hoje, eu morro.
Mas me contento em morrer de sono,
e não dormir.

Um stress!!
Um stress até me viria bem...
Mais tempo para o violão,
mais tempo para mim,
mais tempo para o tempo.
E antes que eu fique cego,
comprar uma caneta nova,
e publicar um livro.

Avancem, horas!
Avancem num círculo bobo e
monótono!
Porém, tragam-me aquele peso,
aquela poeira nas pálpebras,
– com o que fiquem
mortas, frias,
pendentes
como as vistas de um
moribundo...

(18.01.89)
sexta-feira, outubro 03, 2003
Vi, li, aprovei e recomendo:
Erudição e visão neutra e madura sobre assuntos ditos transcendentais, uma panorâmica assombrosa sobre religiões, doutrinas e filosofias religiosas: apenas isso já basta para que eu recomende uma visita detalhada ao blog Saindo da Matrix, que descobri ontem.
Nosso amigo virtual até já lançou um comentário aqui no blog.
Pois bem: já sinto nele um “meio irmão de longevas eras”, um curioso, como eu, a perscrutar as origens e os destinos dessa humanidade tão complexa e tão cristalizada em seus velhos dogmas.
Uma boa “chacoalhada” de informações é o melhor remédio para despertar-nos, ou para melhor esclarecer-nos a respeito de pequenas dúvidas que se fazem grandes ante nossa mais completa incredulidade.
Antes de começarem a viagem pelo referido site, peço que leiam esta pequena parábola de Buda, uma das mais significativas mensagens que conheço a respeito das diferenças religiosas:

Certa vez, um grupo de sábios brâmanes foi visitar Gautama Buda, com o qual teve uma longa discussão. Então um jovem brâmane, chamado Kapatikn, perguntou ao Mestre: "Venerável Gautama, as antigas e santas escrituras dos brâmanes foram transmitidas de geração em geração, mediante uma ininterrupta tradição verbal, através da qual os brâmanes chegaram à conclusão absoluta de que a única verdade seria a deles e qualquer outra seria falsa.
Ouvindo isto, Buda perguntou:
— Entre os brâmanes haverá um só indivíduo que pretenda pessoalmente saber e ter visto, por própria experiência, que esta é a única verdade e qualquer outra coisa é falsa?
— Não, Senhor — respondeu o jovem com toda a franqueza.
— Então, haverá um só instrutor, ou instrutor de instrutores dos brâmanes, anterior à sétima geração, ou ao menos um dos autores originais destas escrituras, que pretenda saber e ter visto, por própria experiência que esta é a única verdade e qualquer outra é falsa?
— Não, Senhor!
— Então, é como uma fila de homens cegos; cada um se apoiando no precedente: o primeiro não vê, o do meio não vê e o último não vê tampouco. Por conseguinte, parece-me que a condição dos brâmanes é semelhante a esta fila de homens cegos.
Nesta ocasião Buda deu a esse grupo de brâmanes um ensinamento de extrema importância: "Um homem que sustenta a verdade deve dizer:
‘esta é a minha crença’, mas por causa disto ele não deve tirar a conclusão absoluta e dizer: ‘Só há esta verdade, e qualquer outra é falsa’."
quinta-feira, outubro 02, 2003
Palavra.
Como as palavras tocam e marcam, às vezes por toda uma vida...
A Net é meu mundo: sem pátrias, sem rostos, sem nomes, apenas nossa personalidade transparece em meio a nossas palavras.
Não há imagens em meu blog, porque as imagens, se é que as há, são meramente “acústicas” (louvada seja a Lingüística...)
Postei ontem um texto que provocou tantos comentários louváveis e amáveis, e nem preciso ver os rostos de vocês para senti-los tão perto de mim...
Concordo contigo, Vivi: estar desperto é uma responsabilidade que não se pode recusar.
Leo, você ainda vai escrever um livro de filosofia, rapaz: “mas não para fugir do mundo, e sim para poder manter-me nele até o fim, sem enlouquecer antes”.
Pri: de amores possíveis todos precisamos, realmente... E sua citação sobre a verdade me lembrou outra, que me surgiu à mente, um dia, translucidamente, como tudo que surge nela ao “acaso” (?): “A Verdade brilha como um sol, porém muitos se contentam com o brilho de uma lamparina”.
Any, minha doce Any, só tu o sabes, por isso Carmina Burana resiste e persiste como nossa música...
Não, Glauce: seu blog não se inclui nos que citei, você bem sabe disso... Cada pedacinho dele tem um pouco de sua personalidade, e, como ela é rica e radiante, nada há em ti de supérfluo... Lembrei-me até do Pessoa: “nada teu exagera ou exclui”.
Apesar das dores de amores que tanto me afligem – e a todos nós, também, claro... –, pelo menos resta-me minha Voz: a poesia.
Ela fala por mim, diz muito de mim, conta muito de mim, e jamais se afastará de mim...
Fiquem todos bem...

PÁGINA 381


Era natural que dois
olhos piscassem,
e no azul translúcido de um céu
qualquer
se fixassem.

Seria um tanto mais
o tanto presente
em um acalanto
de uma prece,
que a muitos rudes
aborrece.

Do que pude ver
esse céu e ouvir essa
prece, contentei-me
em ser basso e grasso
como gelo,
de uma ternura
perto ao fogo
que não se apaga
ou muito menos se vê.
Quereriam tantos
que um calor
desse meu canto que não
canto fosse o remoer
de todo pranto,
e mais feliz com que me quisesse,
e eu o ficaria.

Muito mais o ficaria.

Lá pois vão e vem
hordas e flagelos
do humano ataque
em ânsias avivados.
Quereriam pressentir
o amor, em matando,
ou amar aquele
que odeia, e mata?

Passam próximo do que
fiquei
em tênues páginas impressa
minha voz.
Se me vissem na sombra
de uma árvore
a avistá-los distante
no frescor enganoso
da vida humana
teriam me aprestado
o calor de tantas
perguntas?

Viriam a mim.
Ah sim viriam...
Sentariam ao meu redor
ainda fremindo com o
sabor do sangue que
querem derramar
e ouviriam de mim
a brisa que apaga
o ódio
e tira-lhes esse horrendo
gosto da boca ainda mais
horrenda.

Rejuvenesceriam de alma
a corpo,
de dentes a olhos,
e as janelas da alma
se abririam como
se abrem ao sol
as entranhas de
uma casa há muito
abandonada.

E a luz penetra-a
E a Luz penetra-os.
Ofusca-os a princípio,
cega-os e os afugenta,
porém cura-os
e os atrai.

Há mais luz

Haverá mais luzes!!

Em pleno dia
Em plena areia
Em pleno sol
Há mais luz.

E os olhos
e os sorrisos
abismados,
era natural
que me absorvessem?

SIM.

Era natural que dois
olhos piscassem
e no azul translúcido de um céu
qualquer
se fixassem...


(17.06.88)
quarta-feira, outubro 01, 2003
Você sabem o que é um amor quase-possível?
É a típica situação por que somente eu, Rufus, um quase humano, poderia passar...
Tudo em minha vida acontece pela metade...
Eu quase poderia ter sido médico, se tivesse me esforçado mais. Mas não sou médico.
Depois, quase poderia ter sido um advogado, e quem sabe eu seria hoje um respeitado e bem remunerado juiz, com minha austera mansão e meu reluzente carro.
Mas não sou juiz.
Toco alguns instrumentos, já cantei em corais, já sonhei muito em reger uma orquestra ou tocar magistralmente um violino, porém mal consegui realizar meu primeiro concerto de violão.
Mas não sou músico.
Sonhos que quase desistem de mim...
Hoje sou funcionário público federal, assombro-me ao saber que, no concurso, derrotei mais de 200 candidatos por uma vaga sem quase nenhum esforço, porém desisti de dar aulas, e perdi meu vínculo com essa forma de doação tão nobre que é a educação.
Não sou (mais) professor.
Alimentação? Quase-vegetariano.
Religião? Inteiramente kardecista, por isso perseguido e criticado, direta ou indiretamente.
Vida? Quase humano.
Li tanto e estudei tanto sobre nossas origens, nossos destinos, nossos futuros e nossos passados, que nem sei a qual mundo pertenço, ou se é que existe mundo da maneira como pensamos existir.
Tive a consciência desperta, tal qual um Neo do Terceiro Mundo, ao perceber que tudo o que supomos existir não passa de uma mera ilusão grosseira, com seus dogmas, culturas e teorias ridículas e diligentemente cristalizados em nossas mentes.
Nossa verdadeira história existe e persiste em sombras difusas...
Por isso o saber me confere, diariamente, uma dor maior do que podem supor...
E o amor?
Só consigo me lembrar de Catulo, quando penso no amor: Odi et amo. Odeio e amo...
Quem amo não só está quase-longe, como nosso amor é quase-possível, ou quase impossível - o que vocês melhor desejarem.
Tá, tá certo: com alguns curtos e necessários ajustes, ele até poderia se concretizar.
E não tenho medo desses “ajustes”: apenas são tão terríveis e traumáticos que não sei se posso resistir a eles.
Leio em blogs diversos historinhas de tantas futilidades cotidianas, tantos sonhos juvenis, tantos planos otimistas e pueris, que penso que essas mesmas pessoas se assombrarão com minha história de vida. E rezo para que elas não sejam tão infelizes quanto eu sou...
Espero que nunca tenham de conviver com seu próprio inimigo, aquele que o suga, aquele que escraviza sua alma, aquele que vive do seu lado e sonda cada passo ou respiração que você dá, numa ânsia egoísta para engolfá-lo, canibalizá-lo, absorvê-lo, plena e completamente...
Por isso me sinto tão etéreo, irreal, como se já não vivesse nesse mundo: eu mal o toco, mal piso seu chão!.
Não sei se meu mundo existe, não sei se eu existo, não sei se vocês existem...
Sonhos que quase desistem de mim...
Por isso, minha bela, nosso amor quase-possível é uma dádiva incompleta, um desejo de liberdade fugindo de ser ceifado pela crueza do destino.
O destino é algo prático, pragmático, cruel. Ele não tem tempo para o amor...
Acho que é disso que preciso: de mais tempo para mim...
Descobri que não tenho tempo para mim, porque me doei para meus pequenos, de corpo e alma.
Por eles, e só por eles, tenho suportado tudo.
Mas... até quando?
Até quando serei um “quase humano”?
Quando voltarei a me sentir mais EU, quando terminarei a obra que nunca comecei, que é lapidar-me a mim mesmo?
E, finalmente, a questão final:
quando amarei de novo, por inteiro, e não mais pela metade?
CANTADAS.
Não sou, definitivamente, de ficar copiando textos alheios.
Mas amoleço, quando acho que vale a pena reproduzi-los, pensando em dividir com vocês umas boas risadas...
Dêem só uma lidinha nos tipos de cantada abaixo – não estão incluídas aqui aquelas clássicas que vocês mesmos já aplicaram ou levaram... rs...

CANTADAS.


– Me empresta uma ficha?
– Pra quê?
– Quero ligar pra minha mãe e dizer que acabei de encontrar o homem dos meus sonhos.


– O teu pai é ladrão?
– Não.
– Então como é que ele roubou o brilho das estrelas e colocou nos seus olhos?


– Quer ser o meu buffet de amor? Daí eu posso te deitar na mesa e pegar o que eu quiser!


– Vamos pra minha casa fazer as coisas que eu já falei pra todo mundo aqui que a gente fez?


– Não te doem as pernas de fugir dos meus sonhos todas as noites?


– Essa roupa ficaria ótima toda amassada no chão do meu quarto amanhã de manhã.


– Bonito sapato. Quer transar?


– Posso te dar uma cantada?


– Se eu te dissesse que tem um lindo corpo, você o apertaria junto ao meu?


– Tá quente aqui ou é só você?


– Pode me informar o caminho?
– Pra onde?
– Pro seu coração.


- Sabe o que ficaria bem em você? Eu.


– Tô com saudades do meu ursinho. Quer dormir comigo?


– Sexo mata... quer morrer feliz?


– Eu procurei "delícia" no Aurélio, e o seu nome tava incluído.


– Eu tive um péssimo dia e ver uma garota sorrir sempre me faz melhorar.
Então, você pode sorrir para mim?


– O que você faria se eu te beijasse agora?


– Você tem os dentes mais brancos que eu já vi.


– Você dorme no seu colo?
– Não.
– Posso?


– Com licença, mas qual é a cantada que funciona melhor com você?


– Com licença. Você quer transar ou devo me desculpar?


– Você acredita em amor à primeira vista, ou devo passar por aqui mais uma vez?


– Quer sair prá comer uma pizza e transar?
O quê? Você não gosta de pizza?


– Oi. Eu transo no primeiro encontro... e você?
O beijo.
Por essa os poetas, os mundanos, os amantes, os apaixonados, os recatados, os atirados, os frívolos, os que-adoram-curtir-a-vida, enfim, todos não esperavam: cientistas encontraram indícios do vírus da Hepaticte C na saliva de certos doentes infectados.
Conclusão: o beijo e mesmo a escova de dentes podem transmitir o vírus mortal.
O que diriam vocês, amantes e diletantes do beijo?
Parece que todo o mundo caiu em nossas cabeças, não?
Infelizmente, chegou o tempo em que o beijo não mais será visto como um gesto de louvor, como um coroamento da liberdade, da afirmação do indívíduo, da celebração da vida e do amor.
Agora, graças a um frio estudo científico, ele passará a ser lembrado como a vitória da morte sobre a vida.
O pior é que 90% dos infectados com o vírus da hepatite C nada sentem, ou não desenvolvem sintomas de imediato.
Ou seja: é uma doença lenta, silenciosa e mortal.
Gentes, me perdoem abrir um post com essa notícia tão cruel, mas acho necessário discutir na maior amplitude possível assuntos que nos afetam diretamente.
Me perdoem os defensores do “beijar moooooooooito”, me perdoem os afoitos por Micarecandagas e Carnagoiânias da vida (quantos já não devem estar com a pulga atrás da orelha nesse momento... rs...), me perdoem os amantes e os desencanados com a vida, mas beijar está ficando muito perigoso.
Até já é possível adaptar um aforismo de Guimarães Rosa: “Beijar é muito perigoso...”
Antes que me fuzilem a distância, mandando-me mil raios e trovões por escrever tão tétricas linhas, pensem sempre no lado positivo de tudo: nada ainda foi provado.
Porém, se há amor [será que soou meio brega?], no mínimo devemos pensar que ele ainda está acima de tudo, e tal sentimento vai nos preservar dessas mazelas que a moderna vida em sociedade vive nos pregando...
Ok, ok: beijem à vontade, mas procurem ter certeza de que conhecem bem os lábios que tocam os seus...

Por falar nisso, um doce beijo às donzelas... (só a elas...)


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