Rufus: quase humano.
Rufus, o protótipo de poeta e um eterno aprendiz da vida ("quase" humano ainda, lembram-se?), também tem seus (vários e muitos) momentos de descontração poética. Dêem só uma lida:
DECISÃO GÁSTRICA
Estavas atordoado,
indeciso quanto
à pistola ou
ao estilete.
Nada te movia:
apenas todos
teus conflitos...
E, um a um,
Quedavam duros,
e precipitavam
todos os outros
consigo.
Aí – inspiração
divina ou não –,
vem-te o lampejo,
o cérebro enrubesce,
o coração dispara,
a boca treme
e tremem as mãos:
isso mesmo.
É isso mesmo
o que farás:
num nobre
momento de coragem,
você tomou uma
decisão gástrica...
E de tua boca
o bravo e fiel
brado, que a todos
chama, vai
conclamando:
– Ao bar! Ao bar!
(17.04.88)