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Reflexões vazias (ou cheias...) que até podem levar a algum lugar. No fundo, apenas quero saber bem mais que meus 40 e poucos anos.

Rufus/Male/. Lives in Brazil/Goiânia/, speaks Portuguese and French. Spends 20% of daytime online. Uses a Fast (128k-512k) connection. And likes Music/More Music.
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Brazil, Goiânia, Portuguese, Spanish, French, Rufus, Male, Music, More Music.

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Rufus: quase humano.
sexta-feira, outubro 10, 2003
Ah, a linguagem, a doce linguagem...
Como (ex-?) professor de Português, garanto que sou suspeitíssimo ao falar sobre o assunto, até porque vivo e convivo com ela desde que nasci.
Acho até mais chique me auto-proclamar “filólogo”, pois, apesar de não ter me especializado na área, ainda assim estudo e amo minha doce língua portuguesa, devolvendo constantemente ao mundo o que ela me ensinou, por meios de frágeis palavras espalhadas às páginas e linhas do vento.
Deve ser por isso que gosto de coisas antigas: vai gostar assim de arcaísmos lá na Cochinchina... Quando adolescente, tinha uma mania irritante de escrever poemas empregando palavras como pundonores, quintessências, tergiversar ao infinito, profundo propulso, alabaude, atalaia, escol do arcano motivo, sei lá que mais.
Sempre gostei de estudar e ler sobre gramática antiga, línguas antigas ou “mortas”, por falar nisso. Às vezes, me sentia tal qual um Indiana Jones da linguagem, tentando encontrar o elo perdido entre todos os idiomas de todos os povos que por aqui passam ou passaram...
Tem o seu lado lúdico, claro: já ouviram falar em Toponímia? Estudo da origem dos nomes. Divertidíssimo. Quem disse que o estudo de nossa língua não tem seu lado descontraído? E Tupi, nossa verdadeira língua mãe? Olhem a sua volta: mais da metade dos nomes de ruas, cidades e regiões desse país têm nomes indígenas, mas sepultamos nossas origens históricas de maneira infame. Nem em escolas se ensina o Tupi, uma língua simples, fácil de se aprender e até que bonita...
(sabiam que os Tupis contavam só até quatro? Acima desse valor, tudo era resumido a “mais de quatro”... Que maravilhosa contribuição ao ensino da matemática eles teriam dado!!!!)
A questão do vocabulário também é algo indigno de se tratar nos dias atuais. Às vezes chego a minha casa arfando, fechando a porta com estrídulo, branco de pavor, como se fugisse de um perseguidor cruel: fujo sim do que acabo de ler lá fora, nos painéis, outdoors, faixas de rua, bilhetes, cartazes...
Sabem o mais curioso? Está acontecendo uma verdadeira regressão lingüística do brasileiro. Vítimas da fome, da miséria, da pobreza e da ignorância, o “povo” anda falando cada vez pior, e de maneira mais reduzida. Grunhidos. Vocabulário restrito: “comer, beber, trabalhar, roubar, matar, morrer”. Acho que um ser humano desafortunado pelo destino deve passar toda sua vida empregando umas 300 ou 400 palavras apenas.
Contrastes: uma gorila aprendeu a linguagem dos sinais, e, por meio deles, conseguiu desenvolver um vocabulário de 620 palavras. Uma gorila! Stalone mesmo deve saber falar pelo menos umas 500... Machado de Assis escreveu toda sua obra com “apenas” 5.000. Letrados como eu, você, nós, devemos ter lá nossas 1.500 ou até mesmo 2.000 palavras... Mas poucos atingiram a marca do prolixo Euclides da Cunha, do genial Guimarães Rosa ou do artificial Coelho Neto: 25.000 palavras!
Bem, vou ficando por aqui porque já falei e já torrei demais a paciência de vocês, além de gastar minha cota vocabular de hoje...
Assim o é.
( E mais tarde tem um poeminha para vocês...)


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