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Reflexões vazias (ou cheias...) que até podem levar a algum lugar. No fundo, apenas quero saber bem mais que meus 40 e poucos anos.

Rufus/Male/. Lives in Brazil/Goiânia/, speaks Portuguese and French. Spends 20% of daytime online. Uses a Fast (128k-512k) connection. And likes Music/More Music.
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Rufus: quase humano.
sexta-feira, outubro 17, 2003
(Vale a pena ler de novo...)
GANNY

Ganny viu uma fonte,
e bebeu da água desta fonte:
Amor, em si diluído,
fluiu-lhe às entranhas,
e de lá ficou a acariciá-la.

Ganny era outra sem sê-la,
mas também o era sem sabê-lo,
e muito se aprazia com isso.
E, a parecer-lhe tristonho,
via-a de meus olhos, Ganny,
a outra,
com quem a fonte tinha-lhe
uma dívida.

“Ganny”, disse, “Não te amo,
mas amo-te quando não quiseres,
e, quando o quiseres,
amar-te-ei sem que me ames,
porque assim me odiarás como
a ti mesma, quando outra.
Ganny, não bebas da fonte,
novamente e nunca;
a fonte engana-te, e a
mim também, porque
rouba-me a ti.
Não, Ganny, não vertas
esta água, não me sorrias
assim,
entre dentes alvos
e a água inimiga.
Ri-me apenas com dantes,
quando me vias, e
enxergavas-me.
Agora nada tu vês,
nem a mim.
Mas, pois, aqui estou,
e lhe peço:
desfaz-te estas mãos
em concha, juntas,
e devolve a água
à sua maldição.
A manhã ainda é cedo,
e tarda a tarde:
não te percas, pois, mais,
e jamais...”

Mas ouviu-me, sequer,
Ganny, minha Ganny.
Como louca, como Ganny
– a outra –,
pôs-se a postar-se
e a sombra a escurecê-la,
por mais e muito,
minha Ganny...
Transfigurou-se-lhe
o turvo lábio,
a lívida fronte,
os castos olhos,
e a mim também,
que a socorria
em alma e
prantos, como
que já me despedia...
Como lhe sorria a alma
sua ao deixá-la!
Lá se ia Ganny,
nossa Ganny,
entre dedos meus
e tão trêmulos,
e tão túmidos
da lágrima abundante...

Ganny vira uma fonte,
e bebera da água desta fonte.
Amor, em si diluído,
fluíra-lhe às entranhas,
e de lá ficou a acariciá-la...


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