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Reflexões vazias (ou cheias...) que até podem levar a algum lugar. No fundo, apenas quero saber bem mais que meus 40 e poucos anos.

Rufus/Male/. Lives in Brazil/Goiânia/, speaks Portuguese and French. Spends 20% of daytime online. Uses a Fast (128k-512k) connection. And likes Music/More Music.
This is my blogchalk:
Brazil, Goiânia, Portuguese, Spanish, French, Rufus, Male, Music, More Music.

Sou mais ou menos assim:

Vi, li e aprovei:

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Ouço e aprecio:

Toco em meu violãozinho músicas de:

Meus filmes preferidos:



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Rufus: quase humano.
sexta-feira, junho 27, 2003
Férias, eu?
Tem coisa mais ridícula que "férias" de apenas duas semanas?
Férias num período assim é como um filme ruim: quando começa finalmente a ficar bom, acaba de repente...
Prometo que, quando voltar, não vou publicar coisas do tipo: "minhas férias na fazenda".
Argh! Já fui professor de redação, mas garanto a vocês que nunca massacrei meus alunos com temas desse tipo... rs...
Para quem já vem me lendo por esse dias, reparou que ando numa fase saudositsa, de relembrar a adolescência - aquele período no qual, quando se tem 16 anos, sonha-se em ter 30. Mal sabem os adolescentes que, quem já passou dos 30 realmente, sempre sonha em voltar aos 16... rs...
É que, no meu caso, me espanto lendo meus poemas dessa tenra idade: tão melancólico, sentindo-se tão só, tão desamparado... Claro que isso pode ter sido coisa de momento, de meu eu-poético, mas o certo é que a dor sempre nos inspira os melhores poemas, não é mesmo?
Vejam, portanto, que soneto primoroso escrevi, há muito tempo...

DIZ O QUE PENSO

Diz o que penso, se amores tens;
Se amas alguém, diz o que penso.
Estarei pensando em ti, estarei tenso,
Quando penso que, amando-me, tu vens?

Teu olhar embevecido se suicida em meus olhos,
E teu desejo de descobrir o que penso,
Quando acalento, e no meu amor extenso,
É tão imenso quanto minh'alma de giolhos.

Intenso é teu clamor, tua vida,
Teu amor quando se declama ao alabaude;
E no meio de versões de dor, sangue, ferida,

É ele que de tudo isso esquece e inicia o alarde.
Por isso, prezo e digo o sentido de teu silêncio,
No momento em que, a olhar-me, tu redizes o que penso.


Quanta musicalidade, quanto jogo de imagens, quanto ritmo...
Será que ainda retomo essa veia poética, um dia?

Se eu não vir vocês de novo, até daqui a uns 15 dias...

Que os dias continuem longos, as noites claras, e o pensamento desperto como um lince a caçar na escuridão...


"O moinho abraça o vento,
na esperança de poder agarrá-lo.
Mas o vento é mais esperto,
e saracoteia por sua garras.
E o moinho,
tonto,
começa a girar..."
quinta-feira, junho 26, 2003
Escrever, escrever...
Muito já se disse a respeito da maior qualidade - senão a única... rs - de um blog: fazer as pessoas voltarem a escrever.
Sou de uma geração - nem tão antiga asim... rs... - que leu e escreveu muito, motivada, com certeza, pelo contexto de uma época feliz, há cerca de uns 20 anos: a TV não ocupava tanto espaço em nossas vidas, os brinquedos eram raros e caros, as escolas (acreditem...) atraiam-nos com mil atividades culturais divertidas.
Minha geração pegou a melhor fase da nossa MPB, escrevíamos e montávamos peças teatrais, brincávamos nas ruas civilizada e ingenuamente, criávamos jornais escolares que circulavam por meses e até mesmo anos ininterruptamente...
Uma vez, eu e um amigo montamos um grupinho, do tipo associação estudantil, que até conseguiu promover uma palestra com um morador da região, conhecido mundialmente por ter sido... abduzido por alienígenas... Acreditem! Foi fantástico....
Deve ser por tudo isso que sempre tive uma imaginação fértil, e tenha escrito muito. Pra falar a verdade, tenho toneladas de poemas que começaram a "jorrar" por volta de meus 15 anos e só diminuíram seu fluxo lá pelos meus 24, quando se intensifica aquela nossa fase chata da vida - emprego, novas responsabilidades, falta de tempo, etc.
E tem engraçadinho que ainda pensa: Poesia? Ih, é coisa de veado....
Num país em que seus habitantes mal lêem textos em prosa, o que dizer de poesia? A linguagem tida como angelical, sublime, ainda é inascessível à maioria das pessoas...
Quando pensamos que os maiores livros que a humanidade escreveu - Bhagavad-Gita, os Puranas, Os Vedas, Ilíada, Odisséia, Os Lusíadas, entre outros - foram todos escritos em verso, aí entendemos a dimensão dessa arte.
Paul Éluard disse ter escrito seus livros para que apenas 10 pessoas os lessem. Sabem que quase penso assim?
Assim é a poesia: você deve ir até ela, num duplo esforço de admiração e curiosidade.
Dificilmente, de outra maneira, ela vem até você...
terça-feira, junho 24, 2003
Finalmente, os blogs.
Finalmente, os blogs. Hora de falar deles.
O mais divertido nos blogs, a meu ver, é a seqüência cronológica: sempre o registro mais recente vem primeiro.
Dessa forma, é muito curioso acompanhar o descortinar de emoções e surpresas ao inverso.
Num dia, você lê, economicamente: "a festa foi um fracasso". Assim, em curtas linhas...
Num registro de apenas dois atrás, porém, podia-se ler todo o entusiasmo do autor do blog, suas expectativas com relação ao grande evento do ano, as pessoas que esperava ver e rever, tudo isso contado em abundantes linhas.
Dias depois, a decepção, o desânimo.
Coisa da vida...
Sempre achei divertido, também, ler revistas semanais ao contrário. Numa semana, o desvendar de um crime, tudo esclarecido e explicado.
Semanas atrás, o ridículo das suposições dos jornalistas, os suspeitos e teorias totalmente infundados, a certeza com que analisavam os indícios e as provas de maneira imparcial e lógica. Uma semana depois, com tudo já esclarecido, fica aquela sensação de incompetência dos jornalistas, incapazes de perceber quão ridículas eram suas observações, feitas há apenas poucos dias...
Tenho até hoje recortes de jornais dos anos 70 - que encontrei com um parente - , os quais tratam de assuntos ligados à era espacial.
É simplesmente absurdo o que se lê ali: imaginava-se, dali há dez ou quinze anos (ou seja: em 1980 ou 1985) que teríamos bases na lua e viagens tripuladas a Marte. Tinha até uma notícia que começava assim: " A vovó chegará ao guichê do espaçoporto e perguntará ao atendente: por favor, rapaz, quando sai o próximo vôo para Marte?"
E tudo isso levado a sério na época, acreditem!!
A questão do tempo sempre nos fascinará. Ele é o único capaz de mostrar, constantemente, nossa pequenez perante até as mais simples coisas da vida...
segunda-feira, junho 23, 2003
Fome.
Minha nova amiga virtual, M.o.r.p.h.i.n.e., expressou sua indignação com relação a um triste episódio envolvendo a fome, do qual ela participou como protagonista e, ao mesmo tempo, testemunha da indiferença e do tosco "caráter" humano.
Antes de tudo, cara amiga, saiba que ainda é mais fácil mover montanhas de lugar do que modificar a conduta humana, formada, infelizmente, por um misto de arrogância, ignorância, egoísmo e muita, muita indiferença pelo semelhante. Claro que deve haver mil explicações para isso - séculos de mentalidade materialista, tendência sempre constante da sociedade de valorizar o "ter" em detrimento do "ser" - , mas o principal problema ainda reside na conduta de cada um...
Veja, por coincidência, M.or.p.p.h.i.n.e, o que me aconteceu sábado: fui ao Parque da Cidade com meus pequenos e almocei por lá mesmo, num restaurante. Notei que uma senhora muito humilde, suja e toscamente vestida, acompanhada de uma criança de colo, aproximou-se de nossa mesa e permaneceu em silêncio. O pequeno nitidamente chorava e tentava chegar até nossos pratos de comida, esticando as mãozinhas...
Esta cena dói!
Como estávamos de saída (e sempre sobra comida no prato do brasileiro, você sabe...), ofereci a mesa a ela. Não sei se a mulher fingiu não ouvir, ou se a humilhação a que está sujeita diariamente não o permitiu, só sei que ela permaneceu em silêncio. Somente depois que saímos da mesa ela sentou-se e pôs-se a devorar o que sobrou em nossos pratos. O pequeno, então, parou de chorar imediatamente e se concetrou no "banquete" estendido à sua frente...
Em nenhum momento ela pediu comida! Seus olhos já diziam tudo. Ela sequer teve forças ou dignidade para pedir algo.
Assim é a fome... Retira quase tudo do indivíduo, principalmente sua dignidade...
Sabe, M.o.r.p.h.i.n.e, o fato de eu não ser de Brasília me autoriza a dizer o que vou te dizer agora: nunca vi tanta arrogância e indiferença quanto as dos cidadãos daqui.
(Claro, o "bom" exemplo de conduta humana tinha mesmo de partir da capital do País...)
Vejo e sinto na pele, dia após dia, o "amadorismo" como as pessoas tratam as outras aqui: observo desde o básico, como a falta de respeito, de educação, mesmo, até a inexistência do famoso jargão "colocar-se-no-lugar-de-outro"...
Tratam-nos assim por aqui, pessoas "normais". Imagine então de que maneira tratam os "outros", os excluídos, os sem-nada...
Não vou esperar nada, coisas do tipo "um dia as pessoas vão mudar", pois não sou hipócrita: sei que as pessoas não mudam assim.
Desculpe-me a amargura em plena manhã de segunda-feira... rs... Há outro dia para estarmos mais amargos?... rs...
Apesar de tudo, temos de fazer nossa parte, sem modismos ou hipocrisias, já que, quando fazemos o que achamos que é certo, dificilmente podem nos criticar ou contradizer...
Por isso, por ora, quero que se lembre sempre desta frase: "A Verdade brilha como um sol. No entanto, muitos, infelizmente, contentam-se apenas com o brilho de uma lamparina...".
Um doce beijo no seu machucado coração.
quarta-feira, junho 18, 2003
Pausas.
Vou me silenciar por esses dias de feriado. PC pifado em casa...
Por isso vou deixar uma amostra bem original de um novo tipo de forma poética que "inventei": o soluço. Defino assim um poema totalmente aleatório, em quatro quartetos, escrito rapidamente, à maneira surrealista, pescando imagens e sonoridades por meio de "imagens acústicas" randômicas (quem disse que a Lingüística não tem seu quê de poético?).
Alguns são bem diferentes, emblemáticos, outros tão sem sentido que só um pleiadiano poderia compreender, pois eu mesmo não sei o que querem dizer, se é que eu quis mesmo dizer algo com eles...
Mas o que todos trazem em comum é a farta sonoridade vocabular e o jogo de imagens. Com vocês:


Soluço XXIII


Pendem fumos de um ar aquoso,
Põem-no entre dentes de cansaço.
A morder-lhe em vão o basto vapor,
Da noite algum coruja se alimenta.

E fica mais o estampido de uma
Cor, da aurora sombria na finitude
Da crosta sempre terrestre.
Ali, aqui, um som, uma mão, um eco.

Alicerces que tombam, três a três,
Rolando no crocitar de plumas.
Um basileu comovido, sentido,
Traído pelas esferas antes perfeitas.

Agora pendem frutos, pendem mitos,
Ao alcance da voz e do peito.
A morte sempre espessa, com seu leito;
A vida sempre tola, com seus gritos.


Bom feriado, e que todos permaneçamos vivos, para que continuemos a buscar o(s) sentido(s) da vida.
"Quase nada nesse mundo me assusta..."
A frase acima, dita em tom de brincadeira a um amigo, resume um pouco o que penso acerca dos "mistérios desse mundo".
O que é o mistério, a não ser uma resposta adiada? Pensem bem: nada há que precise ser escondido ou acobertado. Em outro sentido, quero dizer que nada devemos temer com relação ao conhecimento. Eu, por exemplo, não temo a morte. Temo outras coisas, mas não a morte. "Que raios! Pode haver coisa pior a temer do que a morte?". O pior é que há: a ignorância da alma e das percepções humanas, o materialismo, a hipocrisia secular, ou o próprio egoísmo, que tanto faz as tragédias desse mundo...
E daí que encontraram uma "pegada" de astronauta de 440 milhões de anos? Ou que, nas ruínas de Tassili, África, há estatuetas milenares representando homens de capacete e dinossauros extintos? Qual o problema em se saber que Jesus era, de certa forma, apenas um homem, e Cristo um avatar, portanto personalidades diferentes? Ou que há sinetes sumérios com representações de complexas cirurgias no cérebro? Ou que outros sinetes mostram foguetes em viagens celestes e satélites em órbita? Ficariam surpresos ao saber que houve sete grandes dilúvios e que outras luas já pairaram sobre nosso céu? Qual o problema se descobrirem um dia que fomos "colonizados" por supostos ETs? - nunca vi, aliás, nomenclatura mais errônea e ignorante para definir as Hierarquias Construtoras... Ficariam surpresos ao saber que nosso planeta pode ter seu eixo magnético virado do avesso a qualquer momento, e tal não se concretizou ainda porque "Eles", certos anjos invisíveis que monitoram a Terra 24 horas por dia, não o permitem?
Disso o homem jamais deveria ter medo: do conhecimento. Por trás do "é possível", "pode ser", "nada se provou ainda", escondem-se laivos de discriminação e cristalização que só fazem mais atrasar nosso progresso material e mental.
É uma pena que assim o seja, mas ainda o é.
terça-feira, junho 17, 2003
What dreams may come...
Acabei de escrever um e-mail à minha amiga virtual Verônica, que teceu alguns comentários acerca de minha página pessoal. Como gostei do que ela escreveu, gostaria que vocês partilhassem comigo de suas observações. Um grande beijo, V.:

"Cara e linda Verônica:
engraçado vc comentar meus poemas, pois percebo que suas respostas também são pura poesia... rs...
Admiro sua percepção 'artística', ainda mais levando em conta que vc capta muito bem o universo masculino. Gostei muito do que disse. Vc, realmente, confirma o que eu já suspeitava: és uma pessoa incrivelmente interessante...
Não sei se meus poemas são minha cara. Todo poeta é um fingidor, vc sabe, mas quase sempre confundimos a dor real com a artística. No meu caso, que tive uma adolescência muito calada, um pouco sofrida (foi a época em que mais escrevi em toda minha vida... rs...), garanto que a dor e a melancolia me trouxeram muita inspiração.
Tenho poemas verdadeiramente emblemáticos, dos quais nem sei do que tratam nem em que circunstâncias vieram ao mundo. Ao ler os originais, hoje, percebo que nenhuma linha ou período precisam de reparos, após tantos anos...
já sonhei com muitos deles antes mesmo de escrevê-los, muitos sonhos inspiraram dezenas de páginas. Por isso, graças a minha formação dogmática - espírita, não tão praticante, mas muito intuitivo, e interessado numa linguagem dogmática universal, de certa forma - , acabei percebendo que muitas dessas linhas 'poderiam nem ser de minha própria criação...'.
Bem, minha cara, sou um homem, acertou. Talvez viva numa redoma ou num mundo virtual que nós mesmos criamos, mas o certo é que sempre pensei como vc com relação à felicidade. Ninguém - teoricamente, é claro - precisa do Outro para, desesperadamente, ser feliz. Como tenho filhos - um complicador a mais, garanto... -, essa visão um pouco egoísta já cai por terra, pois, ao pormos tão doces criaturas no mundo, fica difícl definir o que é e o que não é amor. Abdicamos de muitos de nossos sonhos por eles, é certo, porém trata-se apenas de uma fase de minha vida. A Felicidade (ou o que quer que ela seja, sei lá) eu a encontrei em meus pequenos, pelo menos em parte. A outra ainda se esconde de mim, atiçando minha curiosidade pelos cantos e esquinas, sorrateiramente fugindo de mim cada vez que me aproximo dela... Mas, um dia, ela cairá em meus braços docemente, sem medo ou enigmas, e aí poderei sentir em meu ser o que tanto li e reli nos traços e linhas dos rostos das pessoas, as quais formam o grande livro da vida...

Um doce beijo.

Rufus".
Do baú.
Essa é do baú: 14/12/1988. Tenho um estilo às vezes telegráfico, às vezes obscuro, outras vezes simbolista, outras tantas barroco e indeciso, do tipo "coisas que escrevo e nem sei bem de onde tirei".
Tempo de poesia, vamos lá...:


Há um retrato de um garoto
preso à parede,
há uma rede ao mar
lançada.
O garoto não se mexe
há meses,
a rede retorna
vazia.

Há um abajur apagado,
que já vou acender.
Há uma mulher desconhecida
vindo me socorrer.
O abajur não quer
falar,
a mulher só quer
vir.

Há muito mais guardado
na cesta do pão.
Há homens catando
comida do chão.
O pão estragou-se com
a chuva,
os homens comeram restos
com terra.

Há você que me lê e ouve,
e só faz ler.
Há alguém que morre
só uma vez.
Você fecha o livro e
vai para casa.
Aquele que dorme
volta a viver.
segunda-feira, junho 16, 2003
Lá vou eu falar sobre Matrix...
Ainda não vi Matrix Reloaded. Não tenho pressa.
Mas duas coisas vocês precisam saber: os dois irmão diretores fizeram o primeiro Matrix baseados numa colagem bem sucedida de outros filmes e livros. Até aí, nenhum novidade. Reciclar é dar vida, ânimo novo. Até poetas como Camões fizeram isso. Claro que é um plágio disfraçado de arte, mas funciona.
Mas vocês sabem de onde os irmão Wachowski tiraram a idéia da Matrix escorrendo como gotas de chuva na tela do PC? E do Neo desviando de balas quase à velocidade da luz? Eu sei. E vou contar:
A idéia da Matrix caindo como gotas, escorrendo na tela, foi tirada do filme Nirvana, de 1997, com Christopher Lambert. Por coincidência (coincidência?) o tema deste filme é o mesmo do Matrix: confronto entre realidade virtual e o mundo real. Na cena final do Nirvana, adentrando nos créditos finais, flocos de neve caem intermitentemente na tela, lenta e compassadamente...
E do neo desviando de balas? O filme original is almost a classic: Remo Willians, desarmado e perigoso, de 1985. Este é com Fred Ward. Lembram-se? Um tipo de guru oriental treina um ex-agente de polícia dado como morto, que se torna uma "arma letal" utilizando apenas as mãos. E aprende a se desviar de balas, claro. Aliás, um das cenas mais hilárias e inverossímeis do filme, já que o herói desvia de balas em tempo real, e não num ritmo tão frenético como o Neo. É divertido rever as cenas em que os vilões atiram no herói e ele dá apenas aquela pequena guinada de ombros, como se nada tivesse acontecido. Nunca é atingido por bala alguma, é claro...
Pois é, amigos, não é à toa que esse irmãos Wachowski têm fama de ser turrões e boçais: eles são plagiadores de quinta! E ainda ganham milhões com isso...
Boa diversão para vocês. Um dia ainda assisto ao Matrix Reloaded. Não tenho pressa.
Cantadas...
Uma das técnicas de cantada do "homem" brasiliense: parar seu Fiat Uno branco ao lado de um grupinho de garotas que anda pela calçada, buzinar, e ficar com aquela cara de sonso esperando alguma reação das mesmas...
Uma das técnicas das garotas quando são abordadadas por panacas na rua: ignorar e seguir adiante.
Já perdi a conta de quantas vezes presenciei cenas como esta. Orgulho-me, aliás, como homem que sou, de nunca ter precisado apelar para tais recursos utilizados por 95% dos homens deste país de ignorantes e bossais. Minha cantada sempre foi e será sutil, clássica, à base de identificações e codificações pelo olhar. Sinal verde, aí então parto para aquele papo agradável e descontraído que tanto faz bem à saúde e à alma - minha e das mulheres com quem converso...
Por que muitos são incapazes de exercitar o cavalheirismo, e educação, a sutileza, tão essenciais no momento em que se pensa em conquistar alguém?
No caminho contrário ao dos "homens", lembro-me daquelas fãs desequilibradas mentalmente, que fazem de tudo para chamar a atenção do ídolo, coisas do tipo escrever a frase "eu te amo" milhares de vezes em outros milhares de metros de papel, divertidos rolos gigantes de papel higiênico que de nada servem a não ser testar a paciência de quem os recebe. Trabalho braçal puro - qualquer um faz isso.
Se, no entanto, esta mesma fã escrevesse um pequeno texto, no qual expressasse com sensiblidade e em bom vocabulário tudo o que sente por seu amado, aí sim a qualidade se mostraria muito mais eficaz que a quantidade. Um texto como o seu teria muito mais valor do que toneladas inúteis de papel.
Será capaz o ser humano, um dia, de entender o ser humano?
sexta-feira, junho 13, 2003
Rush.
Considero o Rush a "música clássica" do rock. Claro que apenas pessoas verdadeiramente aficcionadas por música de boa qualidade (ou seja: músicos em geral) conhecem o som desse - talvez - melhor power trio da história do rock.
Quando ouço "Losing it" (do CD Signals, 1981), não há como deixar escapar uma pontinha de inveja. Eles trabalham e música em pelo menos 4 ritmos diferentes, e bem complexos! Começam com 5/8, derivam para 4/4, voltam para 5/8, depois finalizam em 5/8 e 6/8 alternados, o que dá um efeito mágico de um ritmo composto dividido a cada 11 compassos! Mágica pura. Quase impossível de ser tocado ou dançado... Por isso quase não se houve falar em Rush cover: ninguém conseguiu ainda chegar perto da maestria deles...
Além disso, eles tocam brincando entre si, como bons amigos - que são, de fato...
Quando dedilho meu violão, sinto a mesma energia fluindo: o que compomos "brincando" (ou scherzando, à la italiana) soa sempre mais original, mais experimental, mais criativo.
Sim, um dia o mundo conhecerá meu som, feito de mágica, muita musicalidade e "sensibilidade técnica".
Radiohead está com seus dias contados!!
quinta-feira, junho 12, 2003
12 de junho.
12 de junho.
Talvez o dia do ano em que os solteiros mais ficam deprimidos, em especial as mulheres. Pesquisas mesmo sustentam o fato de que elas têm maior propensão à depressão que os homens.
Aristófanes. O “mito” de que temos metades iguais perambulando por aí. Talvez até em outro país ou planeta. Precisam se encontrar desesperadamente, ou o mundo ou a própria vida não terá mais sentido. Almas gêmeas. Essa superstição medieval tem feito seu estrago ao longo dos séculos.
Na verdade, jamais devemos pensar no outro como nossa metade ausente. O que nos falta? Será que precisamos mesmo do outro para ser felizes nas coisas mais simples e básicas da vida? Nunca deveríamos confundir amor ”físico” (que é o que todos procuram, afinal, num sentido amplo) com felicidade. Felicidade é um conjunto de atos e posturas que condizem com nossa qualidade de vida, que escolhemos e executamos fielmente todos os dias. Isso não quer dizer que felicidade é algo maquinal, automático, planejado materialmente. Muitos sofrem mas são felizes, aí está o ponto chave, pois sofrimento e felicidade são faces de um mesma moeda. Quem pensa no futuro amado como a “metade que lhe falta” está fadado à infelicidade eterna. Não seria melhor pensar no outro como o suplemento, aquilo que nos vem a mais, em acréscimo, do que o complemento, o que nos falta? Muitos vivem sós, e felizes. Porque perceberam o sentido de suas vidas. Claro que é muito melhor estar acompanhado do que só, mas, se assim for, que ambos se suplementem, e não apenas se completem.
Assim o é.
quarta-feira, junho 11, 2003
Poeta, eu?
Sim, também sou "poeta". Leiam e julguem meu estilo:

O Ancião Infante

Não posso evitar que esse
vento carregado de medievalidade
me invada noite adentro,
e me deixe uma sensação de vetustidade.

Velho, barba aos joelhos,
e alquímico até os ossos,
pendem-se os grilhões dos
pulsos e tornozelos.

Meu lazer eterno é contar
as estrelas, noite após noite,
e sempre a perder a conta.
Meu consolo é a madrugada:

é quando as estrelas se põem,
à cata de novas irmãs,
e o sol irrompe atômico
a colina mais próxima.

Agora mesmo me castiga, aliado
à chuva sempre inimiga...
Um velho! Um pobre velho!
Um pedaço de passado sempre presente...

Contudo gemo, e calo,
que a dor é maior se
compartilhada; o pão
me falta, mas que me importa?

E ainda assim vejo pássaros
e folhas na poeira do poente,
amiga visão de olhos velhos.
Poente! Sempre a se pôr, e a se repor...

Oh morte, amiga dos loucos
e assassinados! Ainda vivo
e não a conheço, malgrado
o amor que lhe alimento!

Esquálida, a lua me fita,
e me inveja a sorte de
viver como se vive um velho:
amando a morte...

E o velho ama viver morrendo,
porque correm lentas e
dolorosas as horas, como os
cometas dos tempos primais.

"Meu bom velho, dizem as mariposas,
invejamos-te a claridade de
tua visão no escuro, e
a trevidade de teus lentos dias..."

Como ri o velho, ante tão
pequeninas formas, pérolas
da brisa da noite!
– E vai seguindo, também as invejando...

"Meu bom ancião, criança
adentrando a eternidade,
não te sentes carregado
de teus pesares e bondades?

Se tu eu fosse, deixava de lado
este fardo que trazes às costas,
e me assentava à sombra da árvore alguma
que surge em toda encruzilhada.

Lá, ouço o ar parado,
o pó suspenso, as folhas caídas,
o riacho translúcido,
e lhes indago o futuro.

Se a folha cai,
parto; se o ar se agita,
fico; se o pó se assenta,
medito; se o riacho silencia,

também me silencio.
E quando acaba o fruto
da árvore da vida,
não me preocupo em procurar

por outra: ali mesmo me fico
e deposito meus ossos.
Molhá-los-á a chuva,
castigá-los-á o orvalho,

o sol e as intempéries,
mas não me assustarei:
que me venham os anos vindouros
que tanto esperei por viver".

E assim caminhou o velho
até a sombra mais próxima,
onde, depositando seu fardo,
recostou-se à árvore alguma,

para só então ouvir o vento
e consultar o pó que
jamais se assenta, e
jamais se perde no ar...
H.P.B.
Helena Petrovna Blavatsky, escritora metafísica do séc. XIX, cuja obra-prima – A Doutrina Secreta, 6 volumes, leitura densa, dificílima – jamais faltava à cabeceira da cama de Einstein: "O tempo é uma sucessão de estados da consciência".
Viram como tudo se liga no universo? Um definição tão relativista, assim, do tempo, explicaria por que Einstein, ao ler Madame Blavatsky (ou HPB, como ela gostava de assinar), teve uma brilhante inspiração ao elaborar sua Teoria da Relatividade.
HPB, a cada praticamente cinco de linhas de sua obra, reafirma que "tudo é relativo no universo..."
Outra frase lapidar da escritora (mais ou menos assim, que eu me lembre): "Há dois tipos condenáveis de pessoas: o fanático e o materialista. Um crê em tudo, o outro em nada acredita. Feliz aquele que se mantém no meio termo entre ambos".
O Caminho do Meio budista? Sem dúvida. Reeditado e revivificado...
Eis Blavatsky, a escritora e a mulher mais significativa da segunda metade do séc. XIX.
Tolerâncias...
Respeito todas as religiões. Sério. Sigo o artigo 5o. da Constituição ao pé da letra. O problema é que ninguém se respeita.
Adesivo de um carro: "Sou católico, graças a Deus". Pode?
Creio que o dono do carro (e tantos outros milhares...) não entendeu as máximas das religiões que professam.
Ninguém deveria se sentir "especial" demais por pertencer a essa ou aquela religião. Elas estão aqui para aliviar o peso de vivermos num mundo cruel e ainda primitivo, um mundo em que o peso de viver só é abreviado quando encontramos carinho e compreensão na ajuda que damos ou recebemos do semelhante.
Agora, achar-se "diferente", especial, louvar a Deus por pertencer a uma religião ("a minha é melhor e mais correta que a sua...") em detrimento de outra, pretensamente "inferior", soa-me como clara discriminação...
Poucos compreenderam a mensagem dos Grandes que por aqui passaram...
Vejam o que disse Buda, 500 anos antes de Cristo: "Quando tiverem uma religião a professar, digam: esta é a minha fé. Mas jamais digam: esta é a verdade absoluta".
Assim o é.
terça-feira, junho 10, 2003
Começar... do vazio. O exercício da escrita sempre é um ato de puro egoísmo ou egocentrismo, não há como negar. Vou tentar, porém, fugir à norma...
Penso ludica, ingenuamente: talvez minhas toscas linhas façam alguém refletir melhor sobre si ou seus atos. Não sei. Nada quero, apenas tudo...
Por exemplo: o ato de dirigir. Sabem vcs o quanto isso é prazeroso? Daqui a pouco digo mais.
Rufus.


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