Rufus: quase humano.
Pudores.
... conversando com uma pessoa muito querida lá de Brasília, acabei tocando na questão da “primeira vez” de cada um.
A Net é, por vezes, um mundo estranhamente familiar: perto ou distante, sentimo-nos à vontade de dizer e comentar o que quisermos, sem pudor.
Por isso digo: nem me lembro bem como foi minha primeira vez, nem com quem, nem quando. Sei apenas que foi quando eu já era maior de idade — ou seja, pelo menos eu já era um rapaz relativamente “responsável” por meus atos... rs...
Sabem o porquê do esquecimento?
Talvez por dois motivos: ou não deve ter sido uma experiência muito boa, ou porque não faço parte do grupo dos que idealizam demais esse momento mágico de nossas vidas.
Para quê a preocupação excessiva, detalhada, com a primeira vez — o clima, as luzes, a música, o companheiro, as palavras, os olhares, etc...??
Nunca se lembram de que, quando se passa a ter uma vida mais madura, independente, mais responsável, mais segura, mais relaxada, o que mais importa é última vez que você fez amor, e não a primeira??
As lembranças da última vez têm de ser as melhores...
Claro!
Não somos maquininhas prontas para amar, guardando toda nossa energia para aquele momento que achamos único, especial...
Toda nossa vida deve ser feita de momentos especiais, e não de apenas um deles..
E se a pessoa não fosse realmente aquela que idealizamos para o momento? — como ocorre em 97% dos casos...
E se o próprio momento não fosse o ideal? - como ocorre em também 97% dos casos...
Tenham sempre em mente as lembranças da última vez...
Relembrem as sensações, rememorem a qualidade dos doces momentos passados a dois, pensem no quão especiais ainda poderão ser os próximos, o quanto serão sensuais e cheios de doces surpresas...
Assim, somente assim, tudo fica mais simples e belo em nossas vidas, como tem de ser.
(Não, não estou apaixonado... rs... São simples e úteis experiências, embora eu saiba que vocês têm de passar por suas próprias também...)
Bom final de semana!!! E não se esqueçam de dar uma passada em meu novo lar: o
Divagatorium
Com pressa, eu???
... Eu acho que estava "apresadamente" inspirado demais quando escrevi o último post.
Por isso imaginei um contraponto ao mesmo, e o publiquei lá no
Divagatorium.
Ah, deixem de preguiça, vai: dêem um clique e vão até lá dar uma conferidinha básica...
Tenho pressa...
Este texto é e estará sendo escrito em minutos.
Tenho pressa.
Tenho pressa em dizer, falar, ler, escrever, tenho pressa em mirar a rusga que se forma em tua testa quando me lês...
Tenho em mim todas as vontades todos os desejos todos os dilemas todos os defeitos de um ser humano completa e perfeitamente normal...
Anormal, isso?
Só sei que tenho pressa, muita pressa...
Não adianta represar-me: minhas barragens vivem por um fio. Rebentam-se, mal tomo da “fábrica de linhas”; rebentam e tonitroam por vales escuros em meio à claridade de um dia sem sol, mas pleno de luz.
Luz viva.
Eu, um semi-morto, amante das dores de cabeça matinais, recluso em salas burocráticas, eu, um ser que até mesmo agora poderia te dar um beijo anônimo e fremente, eu, no mais, tenho pressa.
Não é uma mera pressa de chegar ou partir — tão nossa conhecida dos portos e estações...
Tenho pressa, sim, de viver, porque vivo da pressa de não me atrasar frente ao meu destino: ele bate pontos intermináveis em meu prontuário...
Tenho pressa — não me culpem —, tenho palavras a dizer, tenho casas a morar, tenho filhos a fazer, tenho corpos a amar, tenho perdas a lastimar, tenho murros a dar e golpes a receber, tenho filmes queridos a assistir, tenho livros sisudos a ler, tenho, tenho muito, mas muito mesmo, a relaxar no fim de um longo dia...
E, assim, saibam, pois, que não devem ter tanta pressa de me conhecer, porque sou feito — minha vida toda é feita — do silêncio das pequenas coisas e das mais significativas sensações...
E estas, meus caros, não têm tempo ou limite, assim como não demandam pressa ou explicações...
Acho o máximo essa notinhas de jornal:
* Pesquisa feita na Áustria: 83% dos cidadãos desse país se acham bonitos.
* 17% dos americanos e australianos já tiveram relações homossexuais, diz pesquisa da fabricante de camisinhas Durex.
* O museu inglês Ashmolean pagou US$ 387 mil num prato do século XVI que tem o desenho de 50 pênis.
* Pesquisa revela: 88,8% dos psicólogos precisam de um psicólogo...
E a saga continua: mais de mim em meu novo "lar", o Divagatorium (link ao lado...)
Já fizeram pesquisas no Google utilizando palavras-chave de seus blogs?
Muito legal: achei referências minhas ligadas aos blogs da Pri (Placebos), da Thaís Jardim, da Art.manha, do Luccks, da Gérbera, da Baby Face, da Lina femme...
Divertido...!!
Beijos, beijos...
O brasileiro não é demais? Para todo lugar que olho ou todo blog que leio está lá: “Beijos”. “Um beijo para você”. “Grande beijo!”. “Sweet bitocas” (
Não é mesmo, Vivi??)
E tem gente que ainda critica essa prática! “Só podia ser coisa de latinos... bah!”
Uma vez, uma vovó finlandesa meio malandra foi ao Jô soares e este já lhe tascou uma: “— O que você mais detesta nos brasileiros?
— Essa mania de beijar. Odeio que cheguem e já vão logo dando beijos. Por que brasileiro tem que sair beijando todos que vêem? Bah, detesto isso.”
Por isso que amo ser brasileiro, e saber que não pertenço a um desses países frios de gente e de coisas, pátrias desenvolvidas mas cheias de pobres de espírito e turrões (tanto é que as taxas de suicídio são meio altas por lá...)
Beijo é bom e eu gosto, as moças podem me beijar o rosto à vontade que é uma delícia — ainda mais se o beijo vier acompanhado de um doce e sutil perfume...
(Taí. Preciso encontrar um antigo poema em que eu falo do "perfume" das coisas e dos seres).
Rufus, o Pota dos sentidos e das sensações...
Rá rá...
"Lugar onde se divaga"
Meu novo "lar" está pronto.
Coisas de filólogo: criei um neologismo (em latim, ainda por cima) para designar um "lugar onde se divaga":
divagatorium.
Não sei onde fica, nem como se chega a ele, só sei que todos temos "um lugar para divagações" em nosso próprio íntimo...
Se quiserem dar uma passadinha por lá, aí vai o endereço:
http://divagatorium.weblogger.terra.com.br
Condordo com o Leo, de Caderno Aberto: vai ser difícil abandonar este espaço aqui... O jeito é tocá-los juntos, irmanados, íntimos, cúmplices.
(Só espero que não briguem entre si.. rs...)
Bem, digam o que acham dele...
Até breve..
Novidades?
Sim, uma delas se sobressai: estou criando um espaço novo.
(Não se assustem, nem fujam de mim...)
Estava sentindo necessidade de postar imagens...
Música e imagens. É disso que vivo.
Aproveito a banda larga de meu trabalho e as (raras) noites de chuvas e silêncios para trabalhar com esse htmls malucos...
Quando tudo estiver "quase" pronto (coisas desses "quase" humanos...), vou divulgar meu mais novo eremitério...
E este aqui, pouco a pouco, paulatina, inexorável e implacavelmente, ficará às moscas, ao léu, e, em minha memória, ser-me-á eternamente a aparição dolorosa de um navio fantasma entre brumas noturnas...
"Vai uma aulinha aí?"
... Dando umas aulinhas em Brasília, relembrando os velhos tempos...
O pessoal tem adorado. Sou divertido em sala de aula, e bastante didático...
Mas não estou tão feliz assim. Minha nobre profissão é a cara desse País: um fracasso. Daqui a pouco, professores — como policiais no morro... — estarão escondendo seu
métier da população, por medo e humilhação.
Enquanto que, na Europa, tem-se o maior respeito e admiração pelo professor, aqui ela é uma das profissões mais desprezadas...
Parabéns aos dirigentes desse País, eles mesmos grandes analfabetos...
Concurso para professores de nível médio em Goiás, por um período de 30 horas/aula: R$ 378,00. Vocês têm dúvidas ainda de que o número de inscritos está aquém do número de vagas? Pois está, acreditem...
O que ganhei dando aulas? Tendinites, fibromialgias, dores musculares, exaustão, muito pó de giz nos pulmões, noites mal dormidas, fins de semanas sempre comprometidos, ingratidão de alunos...
Claro que também tenho muitas lembranças boas... Mas as ruins as suplantam...
E olhem que, nos últimos anos, sempre dei aulas em escolas particulares — mas pouca coisa mudou...
“Deixa de mau humor, Rufus. Mude de profissão”.
Foi o que fiz. Mas sinto pelos que ficaram.
Sinto por meus pequenos.
E sinto ainda mais pelo destino desse país, que está condenado ao fracasso.
Pessimista, eu, ou realista demais?
Não sei se é assim: só sei que assim o é.
Divagatorium.
Uma coruja pia no arrepio de um susto.
Um baque.
Um frio.
E uma coruja,
no arrepio de um pio,
se assusta.
— x — x — x — x — x — x — x — x — x — x — x —
Meu
id está fervendo; então vem o
superego e lhe dá uma cacetada: “Já pro quarto!!”.
— x — x — x — x — x — x — x — x — x — x — x —
Que ano, Meu Deus.
E o pior é saber que
o ano que vem será pior.
— x — x — x — x — x — x — x — x — x — x — x —
Viver é dobrar a próxima página...
— x — x — x — x — x — x — x — x — x — x — x —
Quem de vós estiver
vivo e quente,
fremindo do hausto
que vivifica,
apascentai minhas vistas
com a palidez
de um olhar...
— x — x — x — x — x — x — x — x — x — x — x —
Viste que há cicatriz
onde houve ferimento,
e há pouco perguntavas
se há riso onde há choro.
E haverá dia sem luz?
E luz sem sol?
E sol sem luz?
E haverá dia sem um “haveria”?
— x — x — x — x — x — x — x — x — x — x — x —
O médico me disse,
guardando o estetoscópio:
– cava tua sepultura.
Sete ou oito palmos,
a tua escolha.
Pegue este preparo,
agite-o bem, e tome-o com
três pás de
terra.
— x — x — x — x — x — x — x — x — x — x — x —
ALIVIO
meu próprio cérebro,
porque preciso descansar.
Linhas, sempre as mesmas
linhas...
Que ilusão poder acreditar
nas linhas,
e nada poder sem
elas.
— x — x — x — x — x — x — x — x — x — x — x —
AMOR. Com quatro letras.
é com isso que te reformaste.
AMOR, e razão...
Nunca caminharam tão
lado
a
lado,
nunca se beijaram,
nunca se abraçaram
tanto
o Amor
e a
Razão.
— x — x — x — x — x — x — x — x — x — x — x —
Sê leve
Sê estrangeiro
Sê asceta.
Sê breve
por inteiro:
Sê poeta.
Brasília, DF, Brasil.
E aqui estou eu, de volta, após uns 3 meses, à cidade em que morei por quase três anos. Regresso no sábado a Goiânia.
Muitas, muitas lembranças, a maioria boas. Encontros passageiros com alguns colegas de trabalho, e só. O resto é trabalhar (na lousa, diga-se de passagem... Bom para desenferrujar os neurônios...).
O vôo para cá é ridículo: uns 5 minutos de decolagem, 10 de vôo, mais uns 5 de aterrissagem. Não dá tempo nem de esquentar a poltrona.
Queria muito ver Alguém (mas ela não pode, ou não quer, me ver...).
Então... só me resta postar um poema.
... Dizem até que sou meio
antiquado:
que troquei o computador
pela pena,
e preferi o cavalo
à maquina.
E me importo?
Não é o futuro que mais nos
toca: é o passado.
Fresco como ovos, aí vem ele,
à nossa cola;
e este agorinha mesmo
já pertence ao
passado....
(Não, não o futuro...
Que longe!
Que distante...!)
Quer mistérios, amigo?
Pois vai tê-los:
olhe para trás.
Não! Não para a frente:
para trás é que se olha,
pois não há mistérios
no futuro.
E ainda dizem que sou meio
antiquado...
Datas...
Hoje é uma data meio emblemática para mim.
Completo hoje 3 anos da investidura de meu cargo público, ou seja: adquiri a tão sonhada estabilidade.
Claro que consegui uma verdadeira proeza para os padrões do brasileiro — ainda que o salário, digamos, ainda deixe a desejar... Porém, restam esperanças de que nosso Plano de Carreira saia logo, apesar dos pesares... Os otimistas de plantão deliram, achando que nosso salário vai dobrar ou mesmo triplicar. Vão sonhando, gente...
O certo é que esse sou eu: um despojado, um desindexado — sem jamais ser alienado...
Não faço planos mirabolantes de “vencer” na vida. Quem pensa assim é porque quer provar algo a alguém, e, como já disse o Poeta, eu não preciso provar nada a alguém... Tenho de dar alguma satisfação a minha família, isso sim, e não ao mundo.
Portanto, saindo o plano ou não, vou continuar sendo o que sempre fui.
Carro zero? Sonhos de consumo descartáveis? Passo longe.
Se eu ganhasse um carro zero, um dia, eu o venderia no mesmo dia.
Passar as 14 horas do dia preocupado com roubos, batidas, preço exorbitante do seguro, riscos na pintura, cacas de passarinho no vidro que te fazem gelar a alma? Jamais. O carro foi feito para ser nosso escravo, e não o contrário.
(Depois dos 30 anos, muitas das ilusões juvenis caem por terra... E é possível viver muito bem sem elas)...
Vou viver com conforto, sim, o que é bem diferente de tudo que venho falando até agora... Conforto, segurança são coisas que independem de status ou classe social. Conheço pessoas humildes que vivem melhor que os mais abastados, estes sim cheios de crises de todo tipo: de identidade e principalmente financeira, pois tentam criar um mundo à parte para nele viverem, e custam a perceber que não estamos aqui para nos refestelar enquanto outros chafurdam na lama.
Temos que aprender a viver em segurança, primeiramente, dentro de nós mesmos.
O mundo exterior é que, posteriormente, espelhará esse estado.
Não sei se é assim, mas apenas sei que assim o é.
Por que amigos?
Uma crise passageira entre amigos, ocorrida há muito, muito tempo, motivou-me o poema abaixo. Claro que o episódio se esclareceu em dias, e tudo acabou em gargalhadas, porém as reflexões sobre o ocorrido me acompanharam por um bom tempo...
Reparem que brinco, no poema, com a ausência de pontuação, o que permite que haja várias leituras do mesmo, principalmente com relação ao teor dos questionamentos que faço...
Amigos, amigos...
“Amizade sincera é o santo remédio”
(Renato Teixeira)
Tenho um amigo
tenho vários amigos
tenho centenas de amigos
todos são amigos
poucos são mesmo amigos
Por que amigos
Amizade sincera
é o santo remédio
e vossas amizades
mal têm força
para curar
minhas ressacas
existenciais
Por que amigos
E preciso de vocês
só de vocês
Não de vosso dinheiro
Não de vossas roupas
Não de vossos carros
Não de vossas mulheres
Não de vossas casas
E preciso de vocês amigos
Não me olhem assim
Não me deixem assim
Não ajam assim
Não sejam assim
Partem com o sol
Partem com a noite
Partem com o dia
Parecem até ilusões
de tanto partirem assim
E para que tudo isso
Amigos
E para que a
indiferença
Amigos
E para que a
exploração
Amigos
E para que a
inimizade amiga
Amigos
E para que amigos
Para que amigos
Por que amigos
Quem precisa deles
(14.12.87)
Metalinguagens...
Tenho tanto o que dizer que nem sei o que dizer.
Quero me calar para sempre, até que o um minuto de silêncio diário, que me fita, atônito, sempre que desperto, me diga algo em sua defesa...
Vou dizer o que não se consegue dizer quando se tem muita vontade de falar, gritar, limpar os pulmões da raiva e da felicidade: vou falar sobre a vontade de não escrever.
Quase nunca, não escrevo quando quero, e muito menos quero bem a tudo que escrevo.
Pari tantas palavras inúteis em minha vida! Outras tantas, mais do que úteis, foram amigas, companheiras solitárias, e morreram repentinamente em minha boca, afogadas em meus pensamentos vãos, quando dobrei uma esquina qualquer atrás de um olhar furtivo...
Furtei dores de amores juvenis, furtei sonhos voláteis e aborrescentes, mas quase tudo que escrevo é meu, só meu.
Um egoísta das palavras...
No entanto, gosto de dividi-las convosco, gosto de dá-las ao vento, para que se choquem com outras, sejam estas mais graves que amenas, ou mais asperamente doces que as minhas...
Como palavras, vomito-as, beijo-as, durmo com elas e tenho, também com elas, milhares de filhos, incontáveis...
Por onde andam, mal sei...
Tenho tão pouco o que dizer que já até sei o que dizer: calem-me, amordacem-me, por favor.
Chega de minutos de silêncio, chega de olhares furtivos que me roubam palavras, chega de inspirações que me tiram o sono e a vontade de não dormir...
Quero que a Palavra ma abra os braços, nitentes, e me acolha com um carinho jamais dispensado a alguém...
Ela, só ela, me silencia.
Somente ela pode me calar.
E me calo agora.
Atendendo a pedidos...
... posto novamente um poema singelo, que andou agradando a muitos...
Não tenho culpa se também tenho esse meu lado melancólico!...
(Por falar nisso, esse poema tem mil significados. Pode dizer tanta coisa junta, e, ao mesmo tempo, nada pode dizer... Portanto, cabe a vocês fazerem essa "viagem" pelo que está além das palavras...)
HAGERUP, O FEIO.
De manhã,
chovendo,
quis vir ao mundo,
e veio.
Nasceu como um ser humano,
mas não viveu como ele,
porque seu nome era
Hagerup, o feio.
Um dia,
há anos já nascido,
quis ter amigos
e não os teve – receio...
"Odeiam-me, entristeço-me..."
Cresceu como um ser humano,
mas não viveu como ele,
porque seu nome era
Hagerup, o feio.
E seu aspecto incorpóreo,
e su'alma pura...
Por quê? O que a imagem faz
que seu pensamento não capta?
– Não, Deus, não o odeio.
Teve olhares sobre as pessoas, entristecidos,
e estas horrorizadas à sua presença.
Tudo isso porque ela era
Hagerup, o feio.
E fugiu um dia porque teve medo,
e o medo tomou o medo dele mesmo:
– a fobusfobia, seu feio!!!
As palavras seguiam-no,
maltratavam-no, apedrejavam-no,
porque ele nasceu como um ser humano,
e não viveu como ele,
pois era Hagerup, o feio,
quem a história narrava...
"Por que o suicídio,
se o vaticínio celestial me flui,
e dever meu é transmiti-lo a todos?
Não. Não vou exterminar-me.
Posso dividir minha alma ao meio,
mas serei sempre e sempre
Hagerup, o feio.
Porque dessa vida que tenho vida,
nada me trouxe a beleza, que não me veio."
E ele é hoje o poeta da angústia,
a astúcia em versificar a vida que leva,
e mesmo assim ser feliz por isso.
– "Isso? Isso o quê? O que é ser vivo,
quando vivo é aquele ser que nunca entristece, creio?"
E ele não viveu como um ser humano,
mas morreu como um outro qualquer que se viu:
seu coração parou,
e sua vida se extinguiu.
Assim, de nunca mais se viu ou ouviu
Hagerup, o feio.
Hagerup, o bom.
(01/09/82)
Espero que tenha valido a pena...
... ter ficado acordado até uma e meia da manhã de hoje, assistindo a um documentário sobre Mishima na TV Cultura (só tinha de ser nela, mesmo...).
Tenho a trilha sonora do filme homônimo de George Lucas, desde há muito. Puro Philip Glass. Puro minimalismo. O filme também tem seu quê de diferente.
O certo é que se pode perceber na natureza desse grande escritor e teatrólogo japonês (que cometeu o famoso arakiri) o ponto máximo da cultura ocidental: o egocentrismo.
Mishima leu quase tudo a respeito da cultura ocidental, e escreveu muito, imitando o estilo caucasiano. Mas era um nacionalista convicto. Pura Antropofagia de Mario de Andrade.
Egocêntrico, “meio” homossexual, cultuava o corpo por puro egocentrismo, fez fotos de cunho narcisista, acovardou-se no final da 2a Guerra, lamentou por não ter tido uma morte gloriosa como Kamikase, foi ultra-direitista, construiu um exército particular, inverossímil, que defendia o nacionalismo, e por causa de tudo isso junto (crise de enrustimento, egocentrismo, tendências suicidas, crise de identidade, crise de valores, sabe-se-lá-mais-o-quê), acabou cometendo o arakiri, cuja prática havia tanto defendido ao longo da vida.
O interessante é observar as declarações que ele constantemente dava em entrevistas, ou onde quer que estivesse, idolatrando lâminas, sabres e mortes gloriosas.
Não é o cúmulo do egocentrismo o fato de glorificar sua própria morte o tempo todo, e depois imolar-se, destruir o corpo que tão vaidosamente cultuava?
Sei não, enxergo tanto de exibicionismo ocidental nessas atitudes...
E ainda por cima, por falar nisso, estamos quase às voltas com uma nova velha mania: a celebridade instantânea.
(Já tiveram seus 15 minutos de fama da semana?
Não?
Pois saibam que muitos só pensam nisso agora...
Lá vem o padrão Globo de novelas e tendências... DE NOVO...
Eh, mundico!!...)
Aos poucos,
volto a meu blog, volto ao mundo, e volto a vocês, fiéis leitores.
Não é de espantar saber que formei, em tão pouco tempo, tantos amigos virtuais nesse universo anônonimo da Net?
Por enquanto, vou reorganizar a "bagunça" aqui em eu trabalho, porém posto algumas bobagens úteis mais tarde.
Novidades com relação à viagem? Sim, algumas... Deu para conhecer um pouquinho sobre esse meu novo lar, o estado de Goiás, que esconde paragens inimagináveis para a maioria dos brasileiros...
De resto, a grande novidade surgiu hoje, há pouco: SAIU MINHA RESTITUIÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA!
Não é grande coisa, diga-se de passagem, mas, depois de sofrer o ano inteiro com aquele suspense cruel que a Receita nos impõe, a sensação de alívio é imediata...
Funcionário público também sofre, estão pensando o quê???
Nos vemos ( e nos lemos...).