Rufus: quase humano.
Uma crise passageira entre amigos, ocorrida há muito, muito tempo, motivou-me o poema abaixo. Claro que o episódio se esclareceu em dias, e tudo acabou em gargalhadas, porém as reflexões sobre o ocorrido me acompanharam por um bom tempo...
Reparem que brinco, no poema, com a ausência de pontuação, o que permite que haja várias leituras do mesmo, principalmente com relação ao teor dos questionamentos que faço...
Amigos, amigos...
“Amizade sincera é o santo remédio”
(Renato Teixeira)
Tenho um amigo
tenho vários amigos
tenho centenas de amigos
todos são amigos
poucos são mesmo amigos
Por que amigos
Amizade sincera
é o santo remédio
e vossas amizades
mal têm força
para curar
minhas ressacas
existenciais
Por que amigos
E preciso de vocês
só de vocês
Não de vosso dinheiro
Não de vossas roupas
Não de vossos carros
Não de vossas mulheres
Não de vossas casas
E preciso de vocês amigos
Não me olhem assim
Não me deixem assim
Não ajam assim
Não sejam assim
Partem com o sol
Partem com a noite
Partem com o dia
Parecem até ilusões
de tanto partirem assim
E para que tudo isso
Amigos
E para que a
indiferença
Amigos
E para que a
exploração
Amigos
E para que a
inimizade amiga
Amigos
E para que amigos
Para que amigos
Por que amigos
Quem precisa deles
(14.12.87)