Reflexões vazias (ou cheias...) que até podem levar a algum lugar.
No fundo, apenas quero saber bem mais que meus 40 e poucos anos.
This is my blogchalk:
Brazil, Goiânia, Portuguese, Spanish, French, Rufus, Male, Music, More Music.
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E russo
E tupi
(doido, eu?)
Intuitivo
Kardecista (mas vidrado em Teosofia)
Leonino
Meio adolescente
Meio aborrescente
Meio inteligente
Meio burro
Meio moleque
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Metido a músico
Metido a poeta
Metido a nada
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Original
Relativamente atraente
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Tímido desinibido
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(Qualquer bom filme francês ou italiano)
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Rufus: quase humano.
Era uma vez...
Um prédio que ruiu, matando 8 pessoas.
Dor. Revolta. Bens preciosos e vidas (ainda mais valiosas) perdidas para sempre.
E o Mário Prata, num misto de indignação e revolta, escreveu uma crônica pensando nessas perdas irreparáveis e a publicou no jornal. Em linhas tensas, ele enumerou todos os bens preciosos que ele imaginara possuir e que, um dia, como num passe de mágica, poderiam sumir no ar, em meio a uma infame nuvem de poeira.
A crônica mexeu com as pessoas, pois ele foi detalhista ao extremo na enumeração dos bens perdidos.
E quais seriam eles? Coisas únicas, pessoais, insubstituíveis, algumas sem importância, outras completamente indispensáveis, sem a qual a vida perderia muito de sua graça...
As fotos da família, as medalhas que os filhos ganharam, os caderninhos que os pequenos guardavam desde os tempos do colégio, cheios de figuras e rascunhos das primeiras letras, a coleção (carinhosamente selecionada) de livros, os diplomas e certificados tão duramente conseguidos ao longo da vida, os originais de uma obra poética, enfim, trabalhos significativos de uma vida inteira.
Aconteceu isso comigo, estarão vocês pensando? Não, felizmente não.
Mas, enquanto escrevo isso, minha casa, lá em Goiânia, está lá, abandonada, entregue a sua própria sorte, por pelo menos mais um mês, com quase todos meus bens lá dentro...
Nunca fui de ter lances materialistas, mas que nos dá um frio na barriga ao pensar que podemos perder quase tudo que juntamos sofridamente ao longo de nossa “curta” vida em questão de instantes, ah, isso dá...
E o que fiz? No carro, trouxe tudo que foi possível, principalmente roupas.
Os originais compilados do livro de poema? Claro, estão comigo.
Documentos preciosos? Confere.
Os negativos de fotos das últimas décadas, pelo menos? Sim, todos comigo. Ufa!...
Que mais? Um cd com o backup de todos seus arquivos pessoais? Sim, cá estão...
Mas ficaram lá meus aparelhos de som – principalmente o mais caro e o mais potente... –, minhas tvs, meus livros, meus cds (acho que uns 400...), meus LPs velhos e fitas K7 de valor inestimável, e tantas outras coisas detalhadas que nem me cabe enumerá-las...
Só não me preocupo com os livros porque os ladrões brasileiros são sumariamente ignorantes, e duvido que roubem tal tipo de bem (para mim, mais do que precioso... rsssss...)
Vocês sentiriam o mesmo frio na espinha ao se deitarem, todas as noites, rezando para que o telefone não toque logo cedo, avisando que sua vida foi zerada – pelo menos em termos materiais... –, e que surge agora uma nova chance de começar tudo de novo?
Sim, tenho certeza de que encararíamos mais essa provação numa boa, mas creio que não há dinheiro que pague o valor sentimental de cada coisa que juntamos, as quais, na verdade, tem muito mais valor afetivo que financeiro.
Claro que de algumas nem sentiríamos falta, como as fotos de ex-cunhados pentelhos ou de ex-sogras...rssss.... Mas daquele pedacinho roto de papel em que você escreveu as primeiras linhas apaixonadas para a sua primeira paixão – ainda que platônica, vá lá... – eu sentiria uma dor indescritível... Ainda que eu nem me lembre mais quem foi essa paixão, mas tudo bem...
Pelo menos a sensação ainda está cá, viva, batendo forte como coração de um adolescente...
E mais não digo porque, toda noite, ao me deitar, rezo para que o dia logo amanheça e eu possa, daqui a um mês, quem sabe, quando o caminhão com minha mudança bater aqui à minha porta, respirar aliviado e começar a desembalar todas essas pequenas futilidades da vida que com tanto carinho nós guardamos e juntamos, ao longo de nossa – de novo!?... – “curta” vida.
Coisas que a poucos importam...
Inquietação... de onde vens?
Um aperto de mão é igual a outro? Todos têm o mesmo calor, a igual frieza, ou o mesmo vigor, ou a indiferente aspereza?
Não. As mãos são humanas, mas os homens são mais.
Um sorriso, uma gota de chuva entre milhares de outras gotas, um grão disforme de areia, um diamante puro entre tantos brutos, são idênticos, contumazes?
Para aquele que não distingue um riso de um sorriso, um olhar de um acenar de olhos, uma brisa de uma lufa, um beijo de um ósculo, isso nada importa.
Para muitos, pouco importa, por exemplo, que eu toque violão clássico. Para milhares, pouco importa saber quem foi Johann Sebastian Bach ou Mario Castelnuovo-Tedesco; Manuel Ponce ou Sylvius Leopoldus Weiss.
No entanto, para mim, isso importa, e muito.
Por isso, quando ela perguntou-me “por que você vai experimentar outro violão? Esse é igual ao outro”, passei a questionar se ela tinha mesmo competência para ser uma atendente de loja de instrumentos musicais, porque a mais ingênua das crianças sabe que um violão NÃO é igual a outro.
Do mesmo modo que um abraço idêntico em pessoas diferentes pode ser tão carregado de sensações distintas, assim como uma brisa que sopra de manhã pode não trazer as mesmas lembranças que a brisa da tarde, tal qual nosso pé esquerdo estranha o direito, tanto quanto uma mãe atenta sabe diferenciar os filhos gêmeos a uma distância segura, uma violão NÃO é igual a outro.
Ainda que para muitos isso não importe, eu me importo...
E, já voltando para casa — sem nenhum violão, que nenhum me agradou —, tempestuei com meus botões a razão de tantos se sentirem infelizes num mundo de iguais...
Porque, no fundo, todos somos violões únicos, distintos, com suas afinações e matizes sonoros, seus timbres, seus defeitos e qualidades..
Porém, as pessoas à nossa volta teimam em continuar nos achando iguais...
Continuam não sabendo como nos “tocar”, como nos afinar com o mundo...
Por isso há tantos “músicos” ruins e medíocres vagando por esse planeta sofrido, enquanto os únicos gênios da Criação seguem anônimos e incompreendidos...
Mas saber disso, para muitos, pouco importa...
Então tá:
para não ficar aqui enrolando com eternas impressões sobre a nova cidade, vou ser breve.
Não amei mas também não detestei Campo Grande, assim, de cara. Muito cedo para julgá-la. Cada cidade no seu ritmo, nós é que temos de nos adaptar a ele...
Nem por minha pequena cidade natal eu morro de amores!!
Tá, mas tirando os semáforos que não são sincronizados e anda me irritan muito, tirando o combustível mais caro e a vida noturna, digamos, meio adormecida e sem graça, tirando esse calor infernal do qual nem penso em me tornar fã um dia (sou literalmente nórdico: adoro o frio), essa cidade tem lá seus encantos.
O trânsito aqui (pasmem!) é ordeiro — xi, os goianos deveriam vir aqui fazer um estágio prolongado... — , as ruas são incrivelmente limpas, há uma nítida sensação de segurança no ar, as praças são lindas, os bairrros centrais não são decadentes, como é de praxe nos grandes centros (as casas são belas e harmoniosas), e há muito da culinária japonesa nos restaurantes e feiras da cidade (coisa que adoro... já experimentaram um sobá às cinco da manhà, em plena feira noturna??).
Por enquanto, meus caros, eu vos deixo, pois estou literalmente enlouquecendo com a procura da casa em que vou residir. Há algumas opções, nem todas boas ou agradáveis, e o relógio correndo, eu tendo de voltar para Goiânia para organizar a mudança, os pequenos já morrendo de saudade de mim, pois ficaram por lá...
Mas espero sobreviver a tudo isso, pois eu já sabia que seria assim...
Em breve, Rufus voltará à ativa, com suas divagações bobas e sem graça...
Assim será.
Enfim, Rufus.
Vamos aos fatos.
Campo Grande é uma cidade diferente. Todas as cidades são incrivelmente diferentes, de tão iguais.
Parada. Estranha. Bonita. Organizada. Ruas e avenidas largas. Calçadas largas. Sombria, à noite. Pacata. Muitas árvores, imponentes, respeitosas.
Um único shopping center.
E parada. Imaginem um carioca ou um paulistano, transportados numa fração de segundos para cá. Morreriam de tédio em questão de segundos.
Se alguém está acostumado a uma vida frenética, agitada culturalmente, com aquele frisson que percorre as ruas e as noites de segunda à segunda, gente animada e bonita trombando-se em calçadas apertadas e agitadas, vai escandalizar-se com o vazio dessas ruas à noite.
Um povo que vive dentro de suas casas.
Muitas casas.
Poucos prédios, aliás, aqui em Campo Grande.
Terra do tererê e do “chamamé”, ritmo derivado da guarânia paraguaia.
Cidade inquietante porém estranha, quase triste. Cidade onde a hora a menos do fuso horário nos faz acordar e trabalhar uma hora mais cedo, para que assim possamos acompanhar os trabalhos da sede, em Brasília.
As casas sem escondem das pessoas, e as pessoas nelas. Aqui, surge uma pequena loja. Ali, quase imperceptível, uma lanchonete.
Prédios que parecem monstros silenciosos, surgidos do nada.
E a viagem? Dirigindo 950 km em 12 horas cansativas, buracos homéricos pelas estradas fictícias de Goiás, o que encontro quando logo entro em Mato Grosso do Sul?
Chapadões e fazendas imensas, a se perderem de vista. Retas intermináveis, sonolentas.
E um sol que resolve se pôr às 5 das tarde, quando tudo escurece, repentinamente, absurdamente cedo.
E um arrebol dos mais belos e fascinantes que já vi em minha vida. Galáctico, surreal, matizado, indescritível.
Aqui, onde Rufus resolveu vir aportar, pelos próximos 18 meses, no mínimo.
Aqui, onde um sol abrasante castiga implacável minha pele.
Aqui, de onde passarei a postar divagações já velhas conhecidas de vocês...
Aqui, nas terras próximas ao Pantanal.
Surpreso, com uma indisfarçável emoção, entro aqui após quase um mês e me deparo com mensagens de colegas blogueiros incríveis, que esquecem a data de aniversário daquele primo querido mas não se esquecem do humilde Rufus, ainda quase humano...
Estou ainda em Goiânia, pessoal, fico aqui até dia 12 - ei, Fabião, é o dia de seu aniversário, não? -, penúltimo dia do prazo para eu me apresentar lá em Campo Grande.
Tenho curtido dias monótonos, anônimos e meio ansiosos por aqui... a licitação do caminhão já foi aprovada, e só devo me mudar lá pelo final do mês. Bem, nada ainda sobre o principal: a ajuda de custo. Mas quem é paciente vai longe...
Prometo "voltar" assim que estiver tudo resolvido, com as coisas no seu devido lugar... Ainda tenho dias amocionantes me aguardando, com muita correria e confusão por causa da mudança, mas tudo se resolve no final.
Estarei sempre por aqui. Assim como vocês...
Fraternal abraço.