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Reflexões vazias (ou cheias...) que até podem levar a algum lugar. No fundo, apenas quero saber bem mais que meus 40 e poucos anos.

Rufus/Male/. Lives in Brazil/Goiânia/, speaks Portuguese and French. Spends 20% of daytime online. Uses a Fast (128k-512k) connection. And likes Music/More Music.
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Brazil, Goiânia, Portuguese, Spanish, French, Rufus, Male, Music, More Music.

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Rufus: quase humano.
sexta-feira, abril 30, 2004
Era uma vez...
Um prédio que ruiu, matando 8 pessoas.
Dor. Revolta. Bens preciosos e vidas (ainda mais valiosas) perdidas para sempre.
E o Mário Prata, num misto de indignação e revolta, escreveu uma crônica pensando nessas perdas irreparáveis e a publicou no jornal. Em linhas tensas, ele enumerou todos os bens preciosos que ele imaginara possuir e que, um dia, como num passe de mágica, poderiam sumir no ar, em meio a uma infame nuvem de poeira.
A crônica mexeu com as pessoas, pois ele foi detalhista ao extremo na enumeração dos bens perdidos.
E quais seriam eles? Coisas únicas, pessoais, insubstituíveis, algumas sem importância, outras completamente indispensáveis, sem a qual a vida perderia muito de sua graça...
As fotos da família, as medalhas que os filhos ganharam, os caderninhos que os pequenos guardavam desde os tempos do colégio, cheios de figuras e rascunhos das primeiras letras, a coleção (carinhosamente selecionada) de livros, os diplomas e certificados tão duramente conseguidos ao longo da vida, os originais de uma obra poética, enfim, trabalhos significativos de uma vida inteira.
Aconteceu isso comigo, estarão vocês pensando? Não, felizmente não.
Mas, enquanto escrevo isso, minha casa, lá em Goiânia, está lá, abandonada, entregue a sua própria sorte, por pelo menos mais um mês, com quase todos meus bens lá dentro...
Nunca fui de ter lances materialistas, mas que nos dá um frio na barriga ao pensar que podemos perder quase tudo que juntamos sofridamente ao longo de nossa “curta” vida em questão de instantes, ah, isso dá...
E o que fiz? No carro, trouxe tudo que foi possível, principalmente roupas.
Os originais compilados do livro de poema? Claro, estão comigo.
Documentos preciosos? Confere.
Os negativos de fotos das últimas décadas, pelo menos? Sim, todos comigo. Ufa!...
Que mais? Um cd com o backup de todos seus arquivos pessoais? Sim, cá estão...
Mas ficaram lá meus aparelhos de som – principalmente o mais caro e o mais potente... –, minhas tvs, meus livros, meus cds (acho que uns 400...), meus LPs velhos e fitas K7 de valor inestimável, e tantas outras coisas detalhadas que nem me cabe enumerá-las...
Só não me preocupo com os livros porque os ladrões brasileiros são sumariamente ignorantes, e duvido que roubem tal tipo de bem (para mim, mais do que precioso... rsssss...)
Vocês sentiriam o mesmo frio na espinha ao se deitarem, todas as noites, rezando para que o telefone não toque logo cedo, avisando que sua vida foi zerada – pelo menos em termos materiais... –, e que surge agora uma nova chance de começar tudo de novo?
Sim, tenho certeza de que encararíamos mais essa provação numa boa, mas creio que não há dinheiro que pague o valor sentimental de cada coisa que juntamos, as quais, na verdade, tem muito mais valor afetivo que financeiro.
Claro que de algumas nem sentiríamos falta, como as fotos de ex-cunhados pentelhos ou de ex-sogras...rssss.... Mas daquele pedacinho roto de papel em que você escreveu as primeiras linhas apaixonadas para a sua primeira paixão – ainda que platônica, vá lá... – eu sentiria uma dor indescritível... Ainda que eu nem me lembre mais quem foi essa paixão, mas tudo bem...
Pelo menos a sensação ainda está cá, viva, batendo forte como coração de um adolescente...
E mais não digo porque, toda noite, ao me deitar, rezo para que o dia logo amanheça e eu possa, daqui a um mês, quem sabe, quando o caminhão com minha mudança bater aqui à minha porta, respirar aliviado e começar a desembalar todas essas pequenas futilidades da vida que com tanto carinho nós guardamos e juntamos, ao longo de nossa – de novo!?... – “curta” vida.


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