Rufus: quase humano.
Você, que sonha em acalentar uma pequena vida em teu ventre, até chegar o exato dia em que o trará em seus braços e o verá crescer, forte e nitente, nem imagina a rapidez com esse pequenos Seres de Luz se tornam independentes.
Porque sentirás na pele, minha bela, o que o peso dos anos fazem com ti e com teus pequenos ...
A cada sopro do ar que infla teus pulmões e minam tuas células, dia-a-dia, sentes que chegará o momento em que teus pequenos já não poderão mais assim ser chamados.
Ele, pois, era o meu grande amigão, aquele que despertava para a vida com suas curiosidades intermináveis, o que passeava comigo nas modorrentas tardes de verão, bem acolhido em meus braços e em minhas doces palavras. O paizão. O filhão. Inseparáveis.
Agora ele desce do carro, em direção à casa do saber, apressado, e sequer te diz um “até logo”, ou banha tua face com o frescor de um beijo.
E nem por isso te sentes feliz?
Você o ganhou de presente.
Agora, ele ganha o mundo...
X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X
Se a chuva te torna triste ou feliz — quem sabe dos teus passos, amigo? — , saiba que a mim ela apenas me deixa molhado.
Há, nisso, uma até incerta poesia.
X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X
Confesso a vocês: anda-me difícil escrever, porque tenho recusado e escrever-me.
Uma greve branca e branda, quase imperceptível, mas cruel, de certa forma.
No fundo, temo perdê-los, a todos vocês, antes mesmo de ganhar-vos um aceno de chegada.
E justo eu, que a quase nada temo...
X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X – X
O silêncio anda a espreitar-me, atônito, porque percebe que esboço reação alguma.
Tolo...
Ele quer calar-me a todo custo, porém custo a acreditar que o silêncio possa dizer algo a mim.
E agora vou silenciar-me porque ele me percebeu, neste exato instante, teclando essas palavras apressadas...