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Reflexões vazias (ou cheias...) que até podem levar a algum lugar. No fundo, apenas quero saber bem mais que meus 40 e poucos anos.

Rufus/Male/. Lives in Brazil/Goiânia/, speaks Portuguese and French. Spends 20% of daytime online. Uses a Fast (128k-512k) connection. And likes Music/More Music.
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Rufus: quase humano.
quarta-feira, setembro 01, 2004
MIB
Sei que ando devendo uma visita a todos vocês, mas ando dando uma de servidor público exemplar, não só hoje como sempre: nada de enrolação, nada de paletó na poltrona vazia, nada de pausa de algumas “horas” para um cafezinho... Trabalho dobrado, já que o efetivo por aqui anda pequeno.
Sim, também tenho, fora isso — da mesma forma que muitos de vocês — fixação por alguma idéia, daquelas que a gente fica gestando por dias, horas, meses, anos, décadas, a ponto de não passar um dia sequer em que não vamos para a cama ou dela saímos com esses projetos na mente...
No meu caso, trata-se de um show de música, apenas voz e violão, o qual, de tão especial, de tão diferente, de tão bem elaborado, tenho até “medo” de concretizar.
Já tive algumas experiências musicais muito felizes ao longo de minha vida, portanto, não se trata de medo dos palcos.
O que é, então?
Preocupo-me com o repertório, o qual, como disse, de tão especial e refinado, corre o risco de não encontrar o seu público ideal.
E ainda mais aqui, em Campo Grande, onde eu poderia desfilar as pérolas dessa nossa MIB — Música Impopular Brasileira?
Ora, pois, vocês não sabiam? Não sabiam que nossa gloriosa MPB, o movimento musical que cativou muito mais o mundo lá fora do que a nós próprios, é chamada por mim, tristemente, de MIB?
Sim, porque hoje a MPB verdadeira é esse dejeto cultural que a indústria musical sabe explorar muito bem: axé, forró, pagode, sertanejo, subprodutos do gênero, os quais, apesar de terem uma origem espontânea, natural, popular, acabam se deixando contaminar pelo velho conhecido filão comercial, este sim capaz de aniquilar qualquer estilo musical.
O exemplo mais triste de como anda nossa MIB tem como pano de fundo ele, o maior cantor do mundo, segundo não menos dezenas de críticos musicais estrangeiros: Milton Nascimento.
O que aconteceu com Bituca, certa vez?
Inventaram de chamá-lo ao Domingão do Faustão.
Ele foi. Ele cantou. Ele mostrou seu repertório de clássicos, no qual constavam até mesmo as suas músicas mais “fraquinhas”, como Maria Maria.
E a platéia nada, impassível, de braços cruzados, como se assistisse à apresentação musical de algum marciano, um alienígena.
92% daquela platéia desconheciam Milton Nascimento, ou simplesmente não gostavam de seu estilo.
E Milton, desolado, soltou essa: “Hoje, o maior acervo de nossa MPB se encontra no estrangeiro. É triste saber que nós, músicos brasileiros, temos de nos deslocar até o exterior para fazermos sucesso ou ganharmos reconhecimento”.
Vou realizar meu show um dia, quem sabe, mesmo que não haja público ou interesse? É possível...
É possível também que eu não ganhe aplausos ou pedidos de bis, ou mesmo que algum bêbado inconveniente interrompa o show e me peça para tocar aquela do Xitãozinho e Xororó, mas, pelo menos, terei dado vida, ainda que por uma noite, a obras-primas de nossa música, que jamais deveriam andar esquecidas em catálogos no estrangeiro...
E, depois, irei para casa, feliz e realizado.
E espero que aquele ouvinte ali também tenha ido dormir naquela mesma noite com um brilho diferente no olhar, e uma paz indescritível no coração...


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