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Reflexões vazias (ou cheias...) que até podem levar a algum lugar. No fundo, apenas quero saber bem mais que meus 40 e poucos anos.

Rufus/Male/. Lives in Brazil/Goiânia/, speaks Portuguese and French. Spends 20% of daytime online. Uses a Fast (128k-512k) connection. And likes Music/More Music.
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Brazil, Goiânia, Portuguese, Spanish, French, Rufus, Male, Music, More Music.

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Rufus: quase humano.
sexta-feira, agosto 20, 2004
A promessa, enfim.
O que prometi contar a vocês, que poderia ser considerado interessante — ou não, como diria Caetano Veloso?
Oras, sou (ou fui, sei lá) professor da amada Língua, da última flor do Lácio, inculta e bela, e há momentos em que devemos compartilhar com vocês algumas das milhares de curiosidades que envolvem suas origens, suas particularidades, seus usos, sentidos e costumes...
Por exemplo, vocês sabiam que um lingüista maluco teorizou, certa feita, que existem vogais alegres e outras tristes? Vogais alegres seriam, por exemplo o A e o E, abertos. Tristes, o O e o U, fechados. O I estaria no meio termo, dependendo da situação...
Além disso, o próprio som das palavras é capaz de revelar, subliminarmente, por meio dessa combinação de sons, sentidos e sensações, muito das características positivas ou negativas de um termo ou vocábulo.
E não é que há sentido nisso tudo mesmo? Querem ver como funciona?
Já dei aulas em Brotas e Avaré, duas cidades paulistas pequenas que possuem uma energia diferente, positiva, um astral ótimo, pessoas bonitas, lugares fantásticos para se conhecer e passear. Quem as conhece pode confirmar isso facilmente...
Ambas as cidades tem nomes sonoros, formados por vogais alegres, sugestivas, positivas.
Agora comparem com Botucatu... Vogais fechadas, um som cavernoso, sinistro... e aquilo ali é um porre, fiquem sabendo... Se algum botucatuense estiver me lendo, que me desculpe, mas ô lugarzinho chato e pedante aquilo tudo ali...
Já Torrinha, Curralinho, Capinzinho, Corguinho... Diminutivos! Quando é que os fundadores de uma pequena cidade, na sua falta de imaginação ou despreparo, imaginariam o desastre que é conferir a suas amadas terrinhas um nome diminutivo???
Que indústria de grande porte resolveria montar uma nova unidade em... Torrinha? Ou Curralinho? O próprio diminutivo demonstra o grau de desânimo da população... (E olhem que conheço Torrinha, aquilo ali é o fim da linha, me desculpem a franqueza...)
Outra falta de criatividade envolve a duplicação de um nome de cidade já existente, interpondo apenas o “nova” ou antepondo “do Sul” ou “do Norte”: Nova Andradina, Nova Odessa, Novo Horizonte do Sul, Guarantã do Norte...
Se as pessoas comuns, que fundam cidades, soubessem da gama infinita e criativa de nomes que compõem nosso idioma, teriam conferido alcunhas a suas cidades de maneira bem mais marcante e duradoura, mudando para sempre o seu destino.
Há também a questão dos sons guturais, que, por vezes, soam toscos, agressivos... Vejam como as palavras “estupro”, “aborto”, “tráfico” já são medonhas por sua própria natureza lingüística...
E eu tinha mesmo de falar dele, do grande gênio, do autor de Sagarana... Vejam a seqüência de vogais “alegres”, otimistas, no título da obra-prima, uma de minhas preferidas... E ainda ele prova sua genialidade lingüística ao formar uma palavra por hibridismo: “saga”, nórdico, significando histórias, e o sufixo tupi (!) “rana”, coletivo, designativo de abundância... Assim: Sagarana = “muitas histórias”.
E o que mais? Podem brigar por mim que assino embaixo: não existe a palavra estória, nem esse lance de que história é uma narrativa original e estória uma narrativa fictícia. Nunca via tamanha sandice, e ainda tem professor que ensina isso em escolas!!...
Estória nada mais é que um arcaísmo, palavra que já perdeu seu uso há muitos séculos.
Podem procurar no dicionário: essa palavra não existe!
De novo tudo começou com ele, o Rosa, que primava pelo emprego de vocabulário arcaico em suas obras...
Então é isso, meus virtuosos e virtuais amigos.
Isso não foi uma aula, apenas uma pequena curiosidade que eu tive, momentaneamente, de compartilhar com vocês a grande aventura que é passear pela nossa língua portuguesa, desvendando alguns de seus saborosos “mistérios”...
E que fiquem todos confortavelmente bem.
Assim eu, Rufus, desejo...


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