Rufus: quase humano.
Glauce, você, que sempre pergunta sobre meus pequenos, saiba que eles estão bem. Criança está bem, sempre.
Já os pais...
Quando Mário Prata escreveu uma vez que “criança é bom, mas dura muito...”, poucos entenderam o espírito tragicômico da coisa...
Crianças, crianças, crianças...
Por que nossa vida é, resumidamente, um antes e um depois das crianças?
Elas mudam sua vida. Para sempre.
Xuxa e Madonna, antes de terem filhos, eram ingratas, imaturas, perdidas na vida, pedantes, arrogantes, xiliquentas... Depois dos filhos, ficaram num limbo de paz e plenitude. Encontraram a felicidade.
Se sou feliz? Claro que sou. Sofro, mas sou feliz... rsss... E daí?
E daí que durmo mal por causa dos pequenos, e daí que tenho raros momentos de privacidade, de lazer, e daí que minha vida anda sem graça, com pouca emoção? Tenho um casal de filhos para criar, cuidar, vestir, educar, pôr e tirar da cama — tudo isso feito sob um ritual de carinhosos beijos... — todo santo dia... Isso já me é emoção suficiente para uma vida e meia...
Sonho, sim, com o dia em que poderei dormir melhor, em que a simples ida a um banheiro, a leitura de um livro, um passeio pelo shopping, uma esticada ao teatro ou ao cinema, ou o tocar de um violão serão coisas a se realizar de forma tranqüila, sem estresse...
Mas, por enquanto, Glauce, sinto na pele o que os pais sempre nos disseram, e nunca entendemos: “vocês precisam valorizar seus pais, que tanto fazem por vocês”.
Agora entendo. Agora compreendo.
E não sei como vou estar amanhã, Glauce, se vivo, morto, descansado ou irritado. Só sei que ainda vou estar muito contente por poder cumprir à risca essa missão que me foi dada...
Um doce beijo.