Rufus: quase humano.
CHAMA
Eu creio que dei vida a uma chama,
e, tão logo acesa,
pus-me a niná-la
com canções sem palavras.
Embalei-a como pude,
e, carinhosamente,
para lá... para cá balançou.
Suspirou no meu sussurro,
consumiu-se no meu desejo,
e descansou.
Quando me vi ao seu lado,
e despertei do nada,
ela ainda vivia.
Mas não suportou sua angústia,
tombou sobre sua própria dor,
e foi sumindo devagarinho...
Afastou meu sonho num solfejo,
meu quarto enegreceu,
e eu só vi uma pequena luz,
assim...
Da cor rubra e inesquecível,
apagou-se, indo além do olhar cansado.
A música não parou.
Eu não parei.
E como a luz quente e perpétua de uma
estrela já morta que se deixa
chegar até nós,
ela se apagou,
assim,
mas ainda vive...