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Reflexões vazias (ou cheias...) que até podem levar a algum lugar. No fundo, apenas quero saber bem mais que meus 40 e poucos anos.

Rufus/Male/. Lives in Brazil/Goiânia/, speaks Portuguese and French. Spends 20% of daytime online. Uses a Fast (128k-512k) connection. And likes Music/More Music.
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Rufus: quase humano.
segunda-feira, fevereiro 16, 2004
SÁBADO.
(Meus comments sumiram!)

Escrevi as linhas seguintes em 05.12.87.
Aos finais de semana, eu ficava só, sem colegas de quarto, e nada aumenta tanto a solidão como o saber-se só em um alojamento estudantil, em plena noite de sábado, sem dinheiro, amigos ou amores, numa cidade como Sampa, onde tudo é distante e vago...
E todo final de semana era assim, invariavelmente...
Era noite do primeiro show oficial do Sting no Brasil. Claro que eu queria estar lá, se eu pudesse... Eu até escrevi no cabeçalho do poema: "(O show do Sting deve estar a mil...)".
Solidão.
E, naquela noite, Sting cantara de preto: seu pai havia morrido poucas horas antes do início do show.
Ele também devia estar sentindo-se muito só e desamparado naquele momento.
Como eu, invariavelmente...


SÁBADO


Lá fora
as pessoas
se consomem
entre abraços e beijos

Aqui dentro
de meu quarto
cotidiano e morno
paira no ar um silêncio

Abro a janela
e a noite me invade.
Quatro paredes prateadas,
e me sento, e me escrevo.

Lá fora as
sirenes se multiplicam
rebentam vidas
mortes calam a noite

Como pétalas
como flocos
se deixa cair
a fina chuva.

Ponteiros devoram
as horas longas
tonitroam pensamentos
despontam angústias...

E como o sol
logo elas se põem
E como o sol
amanhã mesmo despontam.

São vozes
São sons
que jamais ouço:
tudo morre.

Tudo se resume
em morrer,
e nascer,
sempre.

Mesmo eu
não choro:
acaso preciso?
Escrever é viver.

E só as linhas
compreendem a noite
e só as linhas
compreendem o sábado

(Em algum lugar
do presente
me perdi,
e não me encontro)

Lá fora
as pessoas
gemem dores
de dor, de alegria

São como cisnes,
são como anjos:
se amam,
e com isso ganham vôo.

componho versos
e músicas
para esta noite
— e só para esta.

Amanhã tudo
se perde
tudo se vai
mal resta a brisa.

Mal guardo um rosto,
que nunca vi,
ou uma boca,
que jamais beijei.

Amanhã, e só
amanhã,
não mais será
sábado.

Amanhã, como
todo dia,
comporei músicas,
escreverei dores.

E esta noite
me fica
como
choro.


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