HyperCounter
Bpath Counter

Reflexões vazias (ou cheias...) que até podem levar a algum lugar. No fundo, apenas quero saber bem mais que meus 40 e poucos anos.

Rufus/Male/. Lives in Brazil/Goiânia/, speaks Portuguese and French. Spends 20% of daytime online. Uses a Fast (128k-512k) connection. And likes Music/More Music.
This is my blogchalk:
Brazil, Goiânia, Portuguese, Spanish, French, Rufus, Male, Music, More Music.

Sou mais ou menos assim:

Vi, li e aprovei:

Links:

Comments:
<$BlogCommentBody$>
<$BlogCommentDeleteIcon$>
<$BlogItemCreate$>
Archives

Ouço e aprecio:

Toco em meu violãozinho músicas de:

Meus filmes preferidos:



Powered by Blogger

Rufus: quase humano.
quinta-feira, fevereiro 19, 2004
"Minha linda alfacinha"...


Com relação àquele concurso de poesia, não ganhei, claro...
Não só pelo fato de o concurso ser lusitano (brasileiro não teria vez, óbvio...), como não dou a mínima para esses lances de competições literárias...
Acho que não se mede a capacidade literária de alguém pelas coisas “agradáveis” que escreve ou pelas qualidades superficiais de um texto, bem ao gosto de banca examinadora....
Vejam um trecho da poesia que ficou em primeiro lugar:

Pastoral de Lisboa.

Rapariga, vais à fonte
A cantar alegre o fado
Pelo chão alcatifado,
De cheiroso manjerico.
Tens na cabeça a rodilha
Para prender a quartinha,
Minha linda alfacinha,
Enquanto sobes o monte
Com teu sorriso tão rico!


Tem coisa mais lusitana que isso? E o poema não é bom, sinceramente, com essas rimas fáceis e pobres...
No colegial, participei uma única vez de um concurso de poesias promovido pela escola, e foi “sacal”. Imaginem a mentalidade literária de uma cidade provinciana do interior de São Paulo... Eu estava pouco me lixando para aquilo tudo.
Tanto assim que o poema vencedor foi dos mais parnasianos e superficiais que se possa imaginar... até minha colega de classe, que leu o texto vencedor, o fez com uma má vontade incrível, tal a qualidade duvidosa do mesmo...
O meu poema? Do jeito que gosto: vocabulário inusual, “imagens acústicas” cheias de efeitos e sentidos, pontuação com vida própria, versos livres e indômitos...
Minha professora de literatura à época, que fazia bem o gênio medíocre-limitado-sem-sensibilidade, falou que meu texto era meio “barroco, complicado” – o que, para ela, era como atestar, com outras palavras, a sua incapacidade de compreensão literária....
O certo é que santo de casa não faz milagres. Nunca fez, nem nunca fará.
Paul Éluard diz ter escrito seus livros de poesia “para apenas 10 pessoas lerem”. Comigo, se acontecer de publicar meu(s) livros(s) um dia, ficarei contente se apenas alguns amigos fã de poesia lerem.
Isso já me basta.

(P.S.: pra quem não "se deixou cair a ficha" ainda", saibam que o concurso teve como julgadores os próprios poetas inscritos. Pois bem. Talvez isso explique o fato desse poeminha infantil ter ganhado, uma vez que a melhor forma de protesto é o fato de podermos lançar mão de nossa mais fina ironia...)


Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com