Rufus: quase humano.
Um típico poema daquela fase adolescente de amores platônicos e esperançosamente incompreendidos...
Como todos e tantos falam de amores desencontrados, distraídos, distantes mas tão próximos ao roçar da pele, creio que vocês vão gostar deste poema, que tem lá o seu lado juvenil e otimista...
Boa leitura!
EU LIBERTEI A VOZ!
Canto baixinho uma linda canção
e olho para ela.
Se soubessem quem sou...
Mas não sabem.
Por isso eu olho para ela,
e sofro emudecido...
Dos demais que rodeiam à volta
de meu amor,
eu queria ser apenas uma cantador de
cirandas,
um humilde apenas,
e ver com estes meus olhos
o que ela poderia ver em mim:
alguém diferente,
alguém comum assim,
mas alguém como só ele
poderia ser...
Eu, porém, volto cedo à minha casa,
e chuto pedras
(obstáculos de meus passos),
e me abraço aos postes, e giro,
como alguém muito feliz e amado...
Além disso, Eu sou Eu.
Quem saiba exista por aí alguém
que se sinta como Você é Você?
E que tal nos conhecermos?
um convite à dança,
a troca de passos,
os dois juntos,
o cordial cumprimento,
e a alegria,
e a nossa
música
tocando...
Não consigo dizer tudo que sinto,
mas sinto.
O que dizer?
ora: — TUDO!
É aquela falta de alguém
para dizer das coisas e dos nomes,
e de lugares fantásticos e sonhadores...
Um mundo que se abre ao sorriso de um amigo...
E como ser um amigo?
— É só chutar as pedras
(obstáculos de nossos passos)
fazer dos postes carrosséis,
e girar,
e girarmos,
infinita
e despreocupadamente...
(Composto por Rufus, em algum modorrenta noite dos anos 80, lá em Sampa...)