Rufus: quase humano.
Rufus, devido a suas fartas e contumazes divagações, anda com a memória afetada, porquanto quase ia esquecendo de avisar a seus fiéis (e raros leitores...) que vai entrar em férias justamente amanhã, retornando apenas lá pelo dia 29...
Não, Rufus não leva uma boa vida: apenas cumpre o disposto em lei, que lhe “faculta” gozar de suas férias religiosamente nos períodos estipulados...
Além do mais, Rufus precisa, ao menos uma vez por ano, reencontrar suas origens lá pelo interior de São Paulo, terra bandeirante...
Familiares, amigos que escasseiam com o passar dos anos, terras e ares conhecidos de longa data...
Esquinas imutáveis da pequena cidade, amores platônicos da juventude hoje convertidos em pudicas (e obesas...) senhoras, lembranças amenas e dolorosas que surgem a cada pisar das pedras da pequena pracinha — sim, aquela mesma, antiga, com fonte luminosa, coreto,
footing, pipoqueiros e tudo o mais...
Mas Rufus volta, como sempre voltou, pois quem provou o suficiente do mundo terá eternamente lugar cativo no coração dos que também compartilham de seus infortúnios — ou ainda esperam, cedo ou tarde, por trilhar seus mesmos percalços...
“Até a vista, amigo,
e, até onde a vista alcança,
ali aguarde meu retorno”.