Rufus: quase humano.
Não tem jeito: esse blog está cada vez mais com jeito de memórias...
Apesar de ter muito ainda o que viver, creio estar entrando numa fase meio saudosista.
Por exemplo: ao postar, lá na frente, sobre solidão, isolamento, lembrei-me de minhas aventuras como canoísta. Sim, até isso eu já fui!
Sempre me senti muito aventureiro, desbravador, sem nada a temer.
Sentia o mesmo quando, até anos atrás, eu remava no rio Tietê, no interior de São Paulo.
Não, não é poluído: a 450 km da capital, o rio é outro. Lá em Sales, um cidade minúscula e bonitinha, o rio chega a ter uns 5 quilômetros de uma margem à outra. Mal se vê o outro lado – garanto que a distância é maior que o canal de São Sebastião, litoral norte de SP, para quem conhece...
Eu tinha um caiaque olímpico, hoje raríssimo, de 4,20 metros. Eu enchia o seu interior com comida, água e frutas, e saía a cruzar o rio, até a outra margem. Uma hora de remada contínua, monótona, até chegar a uma mata fechada, linda, intocável, tanto que eu sempre falava que ela era “do tempo do Pedro Álvares Cabral". Ali eu me sentia um genuíno Robinson Crusoe, em meio a cactos de uns 10 metros de altura, árvores imponentes e uma verdadeira sinfonia de ruídos e sons da natureza. Lembro-me direitinho de ter visto borboletas fantásticas, de formatos e cores malucas. Encontravas pegadas de anta na areia, e o risco de ser picado por uma cobre sempre exista.
Mas o que eu mais gostava era o momento em que eu ficava bem lá no meio do canal do rio, longe de qualquer mortal, no mais absoluto silêncio... Era tão longe de tudo que nenhum ruído vindo das margens podia ser ouvido. Pensava: “se eu caio agora e me deixo levar pelas águas, nunca mais me acham... rs...”.
Mas era divertido, perigoso, e eu adorava.
Depois que me mudei de cidade, indo cursar Direito (não, não terminei...), aposentei o caiaque, e troquei-o, com um amigo, por uma prancha de windsurf – mas que besteira eu fui fazer, hein?
E quem disse que paro em pé nela???????