Rufus: quase humano.
Beijar beijar beijar a
Any na boca, ouvir Seal cantando
Fast changes até a exaustão, comprar uns 6 novos modelos de violão, publicar meu livro, voltar a dar aulas, dar um show de MPB inesquecível, compor com o Lô Borges e o Beto Guedes, correr no calçadão de Ipanema com o João Bosco (e depois tomarmos uma choppinho...), provar
cientificamente que a reencarnação existe, voar sem precisar de asas, dormir apenas 4 horas por noite...
Como não posso (ainda) fazer tudo isso, contento-me em postar um poeminha representativo de minha atual fase “saudosista”.
Será que nunca cresci, gente?
Uma vez,
corri sob o sol,
fincando ruas,
rindo solto e
respirando ventos.
Uma outra vez
empinei pipas,
tomei chuvas
e surras,
e jamais tive
outros brinquedos.
Uma vez também
fugia de casa,
e retornava a ela
no mesmo dia,
acabrunhado como um órfão.
Uma vez eu
trazia da rua
um totó, e
no mesmo dia
ele era reposto fora
por meu pai.
Uma vez quis
ser poeta apesar
de menino,
e pisava folhas
secas e riachos,
à procura de
poesia.
Uma vez cismei
de olhar-me
ao espelho,
ainda rindo solto
e respirando ventos:
ali estava a poesia.
Mas tudo isso são “uma vez”,
vividas e perdidas num tempo
qualquer...
(29.12.87)